Podes ver - ou rever - o Efe-Erre-Á, aqui!

23-05-2024

Podes ver - ou rever - o Efe-Erre-Á, aqui!

https://arquivos.rtp.pt/programas/efe-erre-a/



Pretendendo realizar uma série de reportagens sobre tunas, o Centro de Produção do Porto da RTP contactou o Orfeão Universitário do Porto. A equipa nomeada pela Direcção do O.U.P. para acompanhamento deste projecto consegue negociar uma mudança de formato, argumentando junto daquela instituição que um concurso teria um impacto muito mais forte nos espectadores.

 

Decidido o novo formato, tornou-se necessário elaborar o regulamento, o que foi feito em consonância com a Universitária, igualmente responsável pelo elenco de tunas a convidar – razões que motivaram a sua participação a título não competitivo, dado o envolvimento no processo. Ponderados os necessários critérios de qualidade, representatividade e abrangência nacional, as dez participantes foram:

 

• Tuna de Engenharia da Universidade do Porto;

• Tuna de Medicina da Universidade do Porto;

• Tuna da Universidade Católica Portuguesa – Porto;

• Tuna Académica da Universidade Lusíada do Porto;

• Antúnia – Tuna de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa;

• TUIST – Tuna do Instituto Superior Técnico de Lisboa;

• Tuna de Medicina da Universidade de Coimbra;

• Tuna Universitária do Minho;

• Azeituna;

• Estudantina Universitária de Coimbra.

 

Este marco histórico no panorama nacional é, até à data, o único programa televisivo exclusivamente dedicado à Tuna universitária portuguesa em todas as suas vertentes – o que lhe confere uma validade e um carácter intemporal ainda maiores e atesta a importância fulcral que o mesmo teve no próprio desenvolvimento do fenómeno.

 

Só se pode ter uma ideia da importância capital da iniciativa se se considerar um conjunto de factores:

• a época: as tunas haviam atingido já maturidade artística e institucional – vivia-se o apogeu do boom;

• o horário: transmissão aos domingos à tarde, em horário nobre – e que não é atribuído pelas direcções de programação de forma leviana ou sem critério;

• a duração: 13 sessões seguidas de cerca de hora e meia;

• a difusão: em canal aberto para todo o continente e a difusão: ilhas, RTP Internacional e RTP África. Como é bom de ver, tratou-se do evento de tunas mais visto de sempre realizado em Portugal e revestido de aspectos sui generis.

 

As tunas participantes actuavam sem playback, na presença de público (as famosas claques do «Effe-Erre-Yá!») e rodeadas de toda uma panóplia de microfones, câmaras e luzes, que obrigavam a que os instrumentos tivessem de ser constantemente afinados nos intervalos, entre takes (já que não era transmitido em directo); além disso, o calor provocado pelas luzes constituía uma autêntica «sauna», efeito, esse, ampliado pelos trajes...

 

O regulamento obrigava à apresentação de uma «prova académica», que mais não era do que um curto sketch, encenado pelos elementos das tunas participantes, e que contava para a avaliação final (embora com uma ponderação relativamente pequena) juntamente com os três temas musicais apresentados. Cada tuna teve direito a uma emissão especial. Passavam às meias-finais as quatro tunas mais pontuadas nas dez emissões anteriores:

• 1.a meia-final: Antúnia e Universitária do Minho • 2.a meia-final: Medicina do Porto e Universidade Lusíada do Porto.

A final foi disputada entre a Tuna Universitária do Minho e a Tuna Académica da Universidade Lusíada do Porto, a vencedora da mesma.

 

Deve referir-se que, nas meias-finais e na final, as tunas só podiam repetir um dos temas interpretados na emissão anterior e teriam de apresentar uma nova prova académica, o que obrigou os semi-finalistas e os finalistas a uma apurada gestão dos temas e a um esforço acrescido na criação de novos sketches.

 

O júri era composto por três elementos: dois residentes – o Maestro António Sérgio Ferreira e Carlos Araújo (músico) – e um convidado, diferente em cada sessão. A avaliação (quantitativa) abrangia quer a prestação musical quer a prestação «académica».

 

Este concurso foi o melhor veículo de divulgação deste fenómeno, revelando a todos os que a ele assistiram o que é efectivamente uma Tuna – desmistificando, esclarecendo, mostrando a realidade interior de cada uma das tunas participantes e, deste modo, das tunas em geral. Foi graças ao «Effe-Erre-Yá!» que as portas da RTP se abriram (e assim permaneceram) a muitas tunas surgidas numa fase posterior, em espaços como a já citada «Praça da Alegria» ou, mais recentemente, «Portugal no Coração», entre outros.




Fonte: "Qvid Tvnae", pgs 279 e 280