Prossigamos, então, com o bem mais precioso de todos, a Liberdade!
24-04-2024
A presente data – meio século de Liberdade – tem, naturalmente, causas e consequências naquilo que, hoje, é a Tuna portuguesa. Indo além da mera efeméride, prossigo com aquilo que a Liberdade nos trouxe, enquanto cultura – assim quero acreditar que somos, apesar de tudo.... – estudantil.
Desde logo, a da mera Associação. Antes do 25A não era permitida a livre associação que esteve, afinal, na génese do surgimento, primeiro ad hoc e mais tarde, de forma mais formal, das nossas Tunas. Não era possível, sem o 25A, esta dinâmica tão única, que veio a ter como resultado o tal boom dos anos 80/90 do Séc. XX. Aliás, este boom ocorre por força de uma conjugação de circunstâncias, no mesmo tempo e espaço, que são, algumas delas, consequência directa do 25A – a descolonização e regresso à metrópole de muitos portugueses ou a liberalização do Ensino Superior, p.ex. Se somarmos a isso a alta taxa de natalidade dos anos 70, ou ainda o maior intercâmbio entre tunos ibéricos, por força do fim da ditadura portuguesa (1974) e espanhola (1976), percebe-se a real importância do 25 de Abril para a tuna portuguesa.
Depois, a liberdade Criativa. A mesma que possibilitou, sem o lápis azul da censura, fazer temas novos ou arranjos para temas existentes, sem as amarras de um controle externo (e lembrar aquelas letras a tentar dar a volta à censura..."Eva coava, o leite...." como cantou a Tuna do O.U.P., então....). E tão bem foram – em alguns casos, até em demasia – reproduzidos os chamados temas de Intervenção, com Zeca Afonso (replicado ad nauseam, até) ou outras figuras impares do nossos panorama cultural, como Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Vitorino Salomé, Luís Cília ou Fausto Bordalo Dias, entre outros. Pode-se cantar, hoje, músicas dos outros e criar temas novos, sem grande questiúncula estética - mais um legado que a Liberdade nos oferece, hoje.
Finalmente, a liberdade de Espirito. Que nos possibilita pensar a Tuna, com sentido mais critico, não a resumindo a uma mera página de uma passagem pela Universidade, mas antes, catalisando-a como uma forma de Estar e Ser, privilegiando a Música como a primeira e principal razão da existência de uma Tuna. O 25A permitiu-nos sentido critico, que ainda hoje, no seio tuneril, precisa de mais maturidade e maturação realista, deixando de lado o romantismo da falsidade importada – que serviu, antes, à narrativa do regime anterior. E o papel da Mulher, hoje, revela-se fulcral para a manutenção da própria Tuna - quando antes a sociedade patriarcal e machista a castrava.
Que o 25 de Abril continue, no seio tuneril, a sua missão genética: Oferecer a Liberdade de pensamento às mentes mais retrógradas - reféns de uma ditatorial mise en scene que nunca existiu, por fabricada longe da Verdade, logo, longe da Liberdade.
Prossigamos, então, com bem mais precioso de todos, a Liberdade! E sim, não passarão...!
RT