I Vivências – Festival do Cancioneiro Universitário Dez anos: Reportagem

08-11-2023

I Vivências – Festival do Cancioneiro Universitário Dez anos: Reportagem


São dez os anos que entremeiam a fundação da Literatuna – Tuna de Letras da Universidade do Minho e a realização do seu primeiro festival. Quando se cria um grupo cultural, a resiliência é um dos fatores chave do seu sucesso ou não. No caso da Literatuna, essa resiliência culmina agora com a realização do I Vivências – Festival do Cancioneiro Universitário.

 

Mas, mais do que acrescentar a sua entrada ao catálogo de festivais de tunas da Academia Minhota, a Literatuna vem deixar uma marca que diferencia o seu festival dos demais: a concurso foram uma tuna masculina, uma tuna feminina e uma tuna mista, incorporando assim no concurso uma característica visível em encontros de tunas, mas rara em festivais. Outra marca que distingue o Vivências é a realização de Rondas noturnas, no lugar das serenatas fixas que têm sido a norma nestes eventos. Infelizmente, porque ainda não é possível estabelecer parceria com São Pedro, a chuva não facilitou a realização das Rondas, tendo estas ocorrido num dos cafés parceiros do festival e na estação terminal, a Junta de Freguesia de São Vítor.

 

Para além das tunas a concurso, as Rondas contaram com a participação extra concurso da Augustuna – Tuna Académica da Universidade do Minho, no que constituiu uma terna homenagem por parte da Literatuna, uma vez que, nas primeiras edições do Magna Augusta, este contemplava a realização de Rondas, tendo esta tradição encontrado agora acolhimento no Festival da Tuna de Letras.

 

Já na noite do festival, realizado no Auditório do Centro de Juventude de Braga, o entusiasmo era palpável, tendo-se dado o início do espetáculo às 21h15. A apresentação ficou a cargo dos Jogralhos – Grupo de Jograis Universitários do Minho, naquela que foi a sua melhor prestação em anos, na opinião deste repórter. Antes de se dar início ao concurso em si, a primeira tuna a atuar foi a Tuna Universitária do Minho, que abriu o festival com alguns dos seus temas mais conhecidos, como “Boémia”, “Tunalmente Molhado” e “Partizan”, entre outros.

 

A primeira tuna a concurso foi a VenusMonti – Tuna Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, que abriu com um tema instrumental cujo nome não foi mencionado, ao qual se seguiu o tema original “Se Tu Soubesses”. O tema de solista, “Noite Cerrada”, arrancou do público um estrondoso aplauso pelo desempenho do solista, tendo-se seguido “Luz de Lisboa”, novo tema original da VenusMonti. Para encerrar a atuação, a VenusMonti apresentou a sua adaptação do tema “La Llorona”, que, consistentemente, arrancou um estrondoso aplauso do público presente, tendo o último tema apresentado sido uma adaptação de “O Que Faz Falta”, de Zeca Afonso.

 

A segunda tuna a concurso foi a CIENTUNA – Tuna Feminina de Ciências do Porto, que abriu a sua atuação com o tema original “CIENTUNA Somos Nós”, seguindo- se o tema de solista, “Un Año de Amor”. Depois da interpretação do tema instrumental, um medley de músicas de “Game of Thrones”, onde se destacou a coreografia executada com o estandarte, seguiu-se o tema original “Sonho de um Estudante”.

 

A atuação da CIENTUNA terminou com a apresentação contínua dos temas originais “Lembranças” e “Amigo Estudante”, tendo a coreografia de pandeiretas e estandarte feito uma transição muito interessante de um tema para o outro.

 

Após um breve interregno, a última tuna a concurso foi a Phartuna – Tuna de Farmácia de Coimbra, que iniciou a sua prestação com o seu cativante tema original “Praxis”, acompanhado de uma bem executada coreografia de pandeiretas e estandartes. Após a apresentação do tema original “Chuva”, a Phartuna apresentou o seu tema instrumental “A Última Dança”, um medley de temas do duo Dead Combo, do qual se destacou a coreografia de estandartes e pandeiretas. A atuação seguiu com o tema de solista, “Contra o Tempo”, terminando com uma interpretação muito interessante do tema “Desfolhada”, destacando-se o interessante jogo de vozes que a tuna coimbrã executou. Não fosse a Phartuna uma tuna de Coimbra, a sua sólida prestação encerrou com o tradicional Efe-Erre-Á. Por fim, aproximava-se o culminar do I Vivências: a atuação da tuna anfitriã.

 

O primeiro tema apresentado pela Literatuna foi a sua bonita adaptação do tema “Cavaleiro Monge”, um poema de Fernando Pessoa interpretado originalmente por Mariza, solada por voz masculina e com guitarra, guitarra portuguesa, viola braguesa e contrabaixo no centro do palco, ladeando o solista. Seguiu-se o tema instrumental, “Mar Alto”, cuja bem conseguida coreografia de estandartes, que conta uma história de separação e reencontro entre duas pessoas ao sabor da música, merece ser elogiada. Após a apresentação da adaptação de “Vejam Bem”, de Zeca Afonso, com dois solistas, a Literatuna prosseguiu a atuação com a sua animada adaptação do tema “Saltimbanco”, da banda Anaquim. De seguida, a Literatuna estreou o seu novo original, “Flor Silvana”, uma bonita música de solista na qual se destacou o recurso, em certa altura, a vários dos outros solistas da tuna, criando um interessante efeito de eco.

 

Após a entrega dos prémios, a Literatuna encerrou o I Vivências com o seu animado primeiro original, “Vivências”. Antes de apresentar os resultados do concurso, deve ser feita uma nota sobre o grande prémio. O Grande Prémio Letra de Prata foi apresentado como premiando a melhor adição ao Cancioneiro Universitário, mais uma marca original que distingue o festival da Literatuna, uma vez que, por norma, os primeiros prémios dos festivais distinguem as tunas que se destaquem pelo seu desempenho geral.

 

Feita a nota, a distribuição dos prémios terminou da seguinte forma:

Melhor Coreografia – CIENTUNA

Melhor Solista – Phartuna

Melhor Instrumental – VenusMonti

Melhor Atuação – Phartuna

Tuna do Público – Phartuna

Tuna Mais Tuna – CIENTUNA

Grande Prémio Letra de Prata – Phartuna, com o tema “Contra o Tempo”

 

Encerrado o festival, a festa prosseguiu para o Bar Académico de Braga, onde foi entregue o prémio de Tuna Mais Tuna. A assim se concretizou o I Vivências – Festival do Cancioneiro Universitário, com o sentido de dever cumprido e o desejo da sua continuidade para próximas edições.

 

Só nos resta elogiar a Literatuna pela sua resiliência em concretizar este festival nos moldes originais a que se propôs, e com a determinação de deixar a sua marca no panorama dos festivais de tunas, no Minho e no País.

 

E, na modesta opinião deste repórter, esse seu objetivo está concretizado!

 

Gonçalo Martins de Matos