XXIII FITUA

30-04-2013

XXIII FITUA

Nos passados dias 26, 27 e 28 de Abril comemorou-se a 23.ª edição do FITUA - Festival Internacional de Tunas de Aveiro, com organização da Tuna Universitária de Aveiro. Foi um fim-de-semana de muita música e animação, com a simpatia e acolhimento a que os anfitriões já habituaram todos aqueles que visitam, por esta altura, a Veneza Portuguesa.

Apesar da recepção inicial às tunas se iniciar pelas 15 horas de 2.ª feira, à hora de almoço já vários elementos de tunas invadiam Aveiro com a sua irreverência e música, iniciando assim a festa mais cedo. A recepção, marcada para o "Golfinho", permitiu às tunas conhecerem as suas guias e interagirem entre si, bem como com a população presente. A meio da tarde, depois de tratado o alojamento, as tunas que iriam fazer o seu espectáculo nessa noite, dirigiram-se para o Centro Cultural e de Congressos de Aveiro para o habitual teste de som, enquanto as restantes continuavam o convívio.

Por volta das 20, as tunas que tocariam Sábado no CCCA, fizeram uma pequena actuação no Centro Comercial Glicínias animando, assim, as pessoas presentes na zona da restauração. Após o jantar, que se realizou neste mesmo local, as tunas deslocaram-se para o CCCA, para a primeira noite do espectáculo.

Com a casa a pouco mais de meia capacidade, o festival iniciou-se com os habituais agradecimentos a pessoas/entidades sem os quais a realização do FITUA seria impossível, por membros da Tuna Universitária de Aveiro, seguindo-se a apresentação dos G.A.I.J.U.S. -
Grupo de Animados e Irresistíveis Jograis Universitários Sequiosos, uma das várias estreias deste festival e desta noite em particular. Com diversos sketchs e músicas, fizeram uma apresentação fluida e diferente dos diferentes anos, com boa receptividade por parte do público presente.

De seguida, apresentou-se em palco, extra-concurso, a TFAAUAv - Tuna Feminina da Associação Académica da Universidade de Aveiro. Com 23 elementos em palco, iniciaram a sua actuação com o tema "Garça Perdida", prosseguindo para "La Ventanita". Seguidamente, interpretaram "Maria Flor de Lis", na voz da sua solista, seguindo-se-lhe "Anda Comigo Ver os Aviões". A sua prestação terminou com "Escadas de Luar" e com "Hoy". Salienta-se a presença de esquemas de estandarte em praticamente todos os temas, bem como uma boa prestação, já a elevar a fasquia da noite.

A primeira tuna a concurso foi mais uma estreia no FITUA. Com cerca de 30 elementos em palco, a Estudantina Académica do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (EAISEL) iniciou a sua actuação com o tema de solista "Sonho", numa prestação francamente prejudicada pelos técnicos de som que, mesmo sendo avisados desse facto, mantiveram o microfone do solista desligado até praticamente ao final do tema. De seguida, interpretaram mais dois temas de Madredeus, "Vem" e "Andorinha", seguindo-se outro tema de solistas, o fado de Amália "Medo". O animado instrumental "História da Música", com o seu conhecido maestro, deu continuidade à actuação, finalizando a mesma com "A Rua do Gato Preto" e com o seu Hino. Uma actuação muito animada, com os pontos fortes nos seus estandartes, numa interpretação instrumental forte e ainda na originalidade com que trabalham os seus temas e que, apesar de serem uma estreia, não deixaram o crédito por mãos alheias.

Seguidamente, subiu a palco nova estreia neste palco do FITUA: a Tuna do Distrito Universitário do Porto. Com cerca de 25 elementos em palco, deram início à sua prestação com uma adaptação de um tema dos padrinhos da Infantuna, "Navegamos a Cantar", exclusivamente vocal. De seguida, prosseguiram para um animado tema, "La Negra Tomasa", continuando a sua actuação com "Quero as Estrelas, Quero o Luar". O original "Meu Porto sem Par" e "Casa Portuguesa", com uma pequena pausa para homenagem a Aveiro", fizeram as delícias do público presente que correspondeu positivamente ao apoteótico "Vejam Bem", de Zeca Afonso. A actuação da TDUP terminou com "Raparigas Belas". Salienta-se a quantidade e qualidade dos seus solistas, presentes em praticamente todos os temas, numa sonoridade portuense que não deixou ninguém indiferente.

Após um intervalo, com direito a ovos moles e Favaios, subiu a palco a Tuna Académica de Lisboa. Com cerca de 30 elementos em palco, iniciaram a sua actuação com um trecho do tema "Aveiro", de Madalena Iglésias, em homenagem à cidade que os acolheu durante o fim-de-semana. Prosseguiram com "Lisboa que Amanhece" e com "Tango Ribeirinho". "Perdido em Lisboa" foi o tema que se seguiu e, após um excerto de "Ornatos Violeta", interpretaram o seu instrumental, de forma exemplar, "Adiós Noniño", de Astor Piazzolla. O interlúdio "Namorados da Cidade" deu lugar ao tema de solista "Sol de Inverno", finalizando a sua actuação com a animada "Marcha do Bairro Alto", já com cheirinho aos Santos Populares. O espectáculo da TAL pautou-se por uma excelente performance dos seus porta-estandartes, a todos os níveis: ritmo, elegância, dificuldade e diversidade de movimentos. A excelente musicalidade a que já nos habituou, aliada a uma apresentação sempre cuidada e com pormenores de excelência, fizeram desta actuação uma das mais completas.

No final da noite, subiu a palco a tuna que todos mais esperavam. A Tuna Universitária de Aveiro, com cerca de 35 elementos em palco, interpretou, nesta noite, os seus temas mais antigos e também mais conhecidos do seu público. Iniciaram a actuação com "Aveiro dos Estudantes" e com aquele que é um dos seus temas mais apreciados, o Mix, de Zeca Afonso. Interpretaram ainda "Nova Primavera" e "Menina do Alto da Serra", finalizando com "Ruelas". Uma actuação alegre, com o reviver de alguns temas que não são normalmente vistos nos festivais onde participam, e que o público acompanhou com entusiasmo.

A festa prosseguiu na Praça do Peixe, apesar do vento ter tornado a noite pouco agradável para uma festa ao ar livre, terminando a mesma mais cedo do que é habitual num FITUA.

Sábado, as festividades iniciaram-se com o tradicional porco no espeto, na Praça do Peixe, com as tunas a chegarem a conta-gotas para o almoço e para uma tarde convívio entre si e com a população. Durante a tarde, os representantes das tunas dirigiram-se para a Universidade de Aveiro (UA), para o Porto de Honra, onde algumas das entidades que patrocinaram o FITUA, com destaque para a UA, puderam dar as boas vindas às tunas, seguindo-se um lanche e um brinde.

Ao final da tarde, as tunas dirigiram-se para o CCCA para os habituais testes de som, tendo havido a oportunidade de fazer a trajectória entre o centro da cidade e este local num moliceiro, uma cortesia da organização que não poupou esforços para que os visitantes conhecessem as suas tradições e e características típicas.

Após os testes de som, as tunas foram encaminhadas para o Centro Comercial Glicínias, onde as tunas que actuaram no CCCA na noite anterior tiveram a oportunidade de darem a conhecer um pouco dos seus espectáculos às pessoas presentes. A TDUP, tendo avisado previamente a organização, não esteve presente, devido a compromissos assumidos anteriormente. Após o jantar, as tunas encaminharam-se para o local do espectáculo, onde o convívio nunca faltou.

Pouco depois da hora marcada, e com uma afluência de público superior à noite anterior, os G.A.I.J.U.S. continuaram as suas excelentes apresentações, dando lugar à tuna que marcaria o carácter internacional do festival.

Assim, a noite iniciou-se com a Tuna Mexicana de Vera Cruz, uma pequena "brincadeira" elaborada por elementos da Tuna Universitária de Aveiro que, devidamente caracterizados e num "portunhol" muito divertido, fizeram uma excelente prestação com temas como o instrumental "O Bom, o Mau e o Vilão" e "El Cuarto de Tula". "Guantanamera" foi o tema que se seguiu, dando lugar ao tema de solista bem conhecido do público "Malagueña". "Silencio" precedeu o tema final da actuação desta tuna, "El Mariachi". Muita animação em palco e uma excelente ideia, não tendo ficado atrás de uma qualquer tuna que se tenha apresentado neste palco do FITUA. O projecto foi levado a sério ao ponto de algumas pessoas questionarem por onde andavam os mexicanos após a actuação.

De seguida, foi a vez da Copituna - Tuna Académica da Guarda subir a palco. Com cerca de 30 elementos em palco, desenharam a sua actuação em torno de um tema - uma espécie de timeline onde foram enquandrando os temas que cantaram. Não sendo uma apresentação original - com recurso a uma mesa, cadeira, jornal e notícias - e com recurso à multimédia, apresentaram um fio condutor lógico e com boa receptividade por parte do público. Assim, inicaram a sua prestação com um trecho de "A Morte Saiu à Rua", prosseguindo para a estreia de um tema de solista, "20 anos". "Playback", agora numa versão alargada face à interpretação anteriormante dada por esta tuna, foi o tema que se seguiu, dando lugar ao instrumental "Domingo à Tarde", com um trecho musical "Cowboys" inserido a meio do mesmo. Interpretaram ainda "Senhora do Mar", fechando novamente com o trecho de "A Morte Saiu à Rua". Ainda que musicalmente aquém das restantes tunas, o seu espectáculo foi bastante apreciado pelo público em geral.

A segunda tuna a concurso da noite veio de Lisboa. Com apenas 14 elementos em palco, a Estudantina Universitária de Lisboa iniciou a sua prestação com "Sete Colinas", um tema de solista. Prosseguiu para "Em Viagem", tendo também interpretado o Hino da Academia de Lisboa, "Contradanças". O animado "Viva a Paródia" foi o tema que se seguiu, finalizando a EUL com "Tourada". De salientar que, com apenas 14 elementos em palco, não deixaram ninguém indiferente e pelos melhores motivos: dinâmicas vocais, com os solistas a darem cartas, e uma actuação bastante consistente e bem conseguida, apesar de o fazerem com poucos elementos.

Após um intervalo, subiu a palco a última tuna da noite, vencedora do FITUA do ano passado. Com cerca de 30 elementos em palco, a Tuna da Universidade Católica Portuguesa - Porto iniciou a sua prestação com "Torero/Novillero Quiero Ser", com destaque para o timbre forte do seu solista e para as coreografias arrojadas dos seus pandeiretas e porta-estandartes. Seguiu-se o tema de solista "Oração" e o instrumental "A Abertura do Barbeiro de Sevilha", de Gioachino Rossini. "Maria Lisboa", com nova coreografia de pandeiretas, antecedeu o tema final da TUCP "Volvi a Nascer". A TUCP agarrou o público desde o primeiro instante, com uma actuação muito completa, muito consistente e amadurecida, com uma demonstração de qualidade a todos os níveis.

Tal como na noite anterior, a tuna que fechou o espectáculo foi a Tuna Universitária de Aveiro, desta feita com o repertório que, habitualmente, podemos ouvir nos festivais onde participam, destacando-se aqui o facto de apresentarem ao seu público temas que já tiveram oportunidade de apresentar noutras cidades. Assim, começaram a sua actuação com o envolvente e tocante "Barco de Aveiro", prosseguindo com "Nada Cessa Meu Sofrer". "Aqui Dentro de Casa", em tema de solista, foi o tema que se seguiu, interpretando depois "Fantoches de Kissinger", de Zeca Afonso. Depois de chamados a palco os antigos elementos, de se fazerem os devidos agradecimentos (e salientando-se, também, a falta de apoio por parte da Câmara Municipal de Aveiro) e da entrega de prémios, a TUA terminou a sua prestação, em festa, com o animado "Amor à Beira-Mar".

Assim, o Júri, constituído por:

Carlos Miranda
António Paiva
Isabel Karpets
Sasha Karpets

Deliberaram:

Melhor Porta-Estandarte - TAL
Melhor Pandeireta - TUCP
Melhor Instrumental - TAL
Melhor Solista - TUCP
2.ª Melhor Tuna - Copituna
Melhor Tuna - TUCP

A TUA entregou ainda o prémio de Tuna mais Tuna à EUL.

A noite continuou na Praça do Peixe, tendo no dia seguinte havido uma churrascada de despedida no "Golfinho".

Este FITUA, também ele atípico devido à crise que levou à redução de tunas (de 8 para 6), teve como aspectos positivos a receptividade por parte da Tuna Universitária de Aveiro, que tudo fez, como é seu apanágio, para que todos se sentissem em casa, e a estreia de várias tunas/grupos, aumentando assim o leque de tunas participantes no FITUA, uma mais-valia não apenas para as tunas que participam num excelente festival, mas também para a população que assiste aos espectáculos e às próprias tunas participantes, que aumentam também a convivência com outros grupos.

Como aspectos negativos, há a salientar a equipa de som, que falhou muitas vezes em aspectos determinantes das actuações, algo que se torna inconcebível, dado que foram feitos testes de som por todas as tunas. Prejudicou-se não apenas o trabalho das tunas presentes, que não viram reflectido nas suas prestações aquilo que realmente fizeram, mas também o público que ficou privado de uma qualidade que, à partida, estaria garantida. De salientar ainda a pouca adesão de público especialmente na noite de 6.ª feira, tendo o mesmo estado algo apático e frio.

O Portugaltunas agradece à Tuna Universitária de Aveiro toda a disponibilidade, parabenizando-a por mais uma excelente edição de um FITUA.