XVII TUIST
25-03-2014
Decorreu nos passados dias 21, 22 e 23 de Março o XVII TUIST - Festival de Tunas Cidade de Lisboa, organizado pela TUIST - Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico, que como ponto alto teve a atuação das tunas convidadas no emblemático Coliseu dos Recreios. Foram elas: Tuna Universitária de Aveiro, Scalabituna - Tuna do Instituto Politécnico de Santarém, Tuna Universitária do Porto e Azeituna - Tuna de Ciências da Universidade do Minho. Extraconcurso ainda estiveram presentes a Tuna Académica do Liceu de Évora e a TFIST - Tuna Feminina do Instituto Superior Técnico.
A abrir o fim-de-semana de festa, a TUIST convidou um conjunto de entidades e instituições, incluindo as tunas convidadas do XVII TUIST, para lançar oficialmente o seu CD "TUIST em Concerto com a Orquestra do Norte", gravado ao vivo em Junho de 2011 no Teatro da Trindade em Lisboa. Uma cerimónia formal no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico. A cerimónia contou com uma pequena atuação da TUIST e alguns discursos institucionais das entidades oficiais.
O primeiro dia do festival foi marcado ainda pela realização do arraial "Festa da Primavera 2014" realizado junto ao campo de futebol do Instituto Superior Técnico, onde para além das tunas convidadas, teve também grande adesão não só por parte dos alunos do IST, mas também dos restantes alunos da academia lisboeta a até mesmo de outros locais do país, que se juntaram assim à festa que serviu também de comemoração do 21.º aniversário da TUIST. Apesar do frio, a festa durou até altas horas da madrugada.
A primeira tuna a pisar o palco com cerca de 20 elementos, foi precisamente a tuna madrinha da TUIST, a centenária Tuna Académica do Liceu de Évora, com um medley de dois temas da banda sonora do filme "O Fabuloso Destino de Amélie": "La Noyée" e "Soir de Fête"a que a tuna chamou precisamente "Amélie". O segundo tema veio dos Balcãs, com o "Bubamara" de Emir Kusturica a merecer os primeiros aplausos entusiastas da plateia. Depois da tradicional entrega da fita para o pendão da TUIST, terminou a TAE a sua apresentação pautada por instrumentais como é sua característica, com o Hino seguido do FRA, que exultou o público presente, principalmente as várias claques do Técnico divididas pelas galerias do Coliseu. É muito interessante que esta tradição e a própria TAE sejam mantidas com tanto vigor até aos dias de hoje. Esperemos que assim continue por longos anos.
A apresentação entre as tunas desta vez não esteve a cargo dos conhecidos "Doutor" e "Véspera" como era hábito em (muitas) edições anteriores, mas sim de tunos mais novos da TUIST. Apesar do nervosismo inicial, perfeitamente natural neste caso pois "representar" em frente de uma plateia enorme como esta não é com certeza nada fácil, conseguiram no entanto, e sem serem brilhantes, dar bem conta do recado e animar todos os presentes com os seus momentos de humor, interagindo com a plateia. Ainda assim, a mudança de apresentadores e outros papéis chave da produção deu um TUIST, mostra que a continuidade da TUIST está assegurada e que a mudança de gerações pouco afeta as tunas se os pilares de formação académica foram bem transmitidos aos mais novos.
A segunda convidada da noite foi a TFIST com cerca de 34 elementos em palco animaram os presentes com a adaptação do fado "Júlia Florista" e as suas 6 pandeiretas com coreografias originais. Sempre atentas às necessidades dos padrinhos e num momento de bom humor, a TFIST entrega o habitual presente aos padrinhos, que este ano até foram dois: um avental e um grelhador, que a TUIST agradece pois certamente lhe darão bastante uso. A pequena apresentação TFIST terminou com o seu hino "Saudade" mais uma vez com a animação das pandeiretas e duas bandeiras.
A primeira tuna a concurso foi a Tuna Universitária de Aveiro, que com 27 elementos em palco iniciou a sua apresentação com o excelente "Barco de Aveiro" acompanhada pelo público por isqueiros e luzes de telemóvel, a dar um belo efeito a este tema. "Nada Cessa o meu Sofrer" deu continuidade ao espetáculo, uma adaptação de uma música sul-americana, seguido do tema instrumental "Até Quando", que apesar disso foi definido pelo apresentador como sendo de intervenção política "às vezes não necessitamos de palavras para incitar uma revolução" disse. A "Malagueña" foi o tema de solista interpretado pelo "Corvo" que levou a plateia ao rubro com a sua interpretação vocal (e não só). Logo seguido do "Fantoches de Kissinger" de José Afonso, um tema recente da tuna, com um bom arranjo já característico da TUA, que assim homenageia o cantor e intérprete nascido em Aveiro. Depois de tirar a "Maior Selfie do mundo das tunas" com o público do Coliseu como fundo e para o fim, ficou o já conhecido original "Amor à Beira Mar" com arranjo de duas pandeiretas e duas bandeiras a terminar em grande. Boa atuação, um pouco prejudicada pela equalização do som na parte inicial, mas apesar disso de bom nível, com destaque para o solista, e arranjos musicais.
De Santarém chegou de seguida a Scalabituna que com cerca de 35 elementos, iniciou a sua atuação com uma referência às touradas bem características da cidade capital do Ribatejo e claro, uma pequena alusão também ao XVII TUIST com o tema "Velhas Entradas de Toiros". De seguida, o tema original "Partida" com arranjo para três pandeiretas e bandeira. Mais um original, "Lágrimas do Tejo", permitiu ao seu solista brilhar. Seguiu-se o tema "Flagrante" original de António Zambujo dedicado a todos os amantes, com um excelente arranjo vocal e instrumental e cheio de balanço."Paredes" foi o Medley de temas de Carlos Paredes escolhido para instrumental. A serenata "Anda Comigo a Ver os Aviões" dos Azeitonas levou novamente muita gente a ligar telemóveis e acender isqueiros em mais um belo momento de interação, com os solistas em bom plano. "Noites de Verão" dos Trovante voltou a animar a plateia logo de seguida. A terminar a atuação, ficou o já conhecido original "Chuva de Verão" dedicada a familiares, amigos que acompanharam a tuna e a todo o público presente, com arranjo para quatro pandeiretas e um bandeira. Destaque para os arranjos musicais, solistas e pandeiretas da tuna, que fizeram um excelente espetáculo no seu conjunto.
A terceira tuna a concurso, logo a seguir ao intervalo, foi a Tuna Universitária do Porto, que começou a atuação com um arranjo do tema "Lisboa à Noite" em estilo "swing" dedicado precisamente à cidade de Lisboa. Logo de seguida, a serenata escolhida foi "Nasci, Sonhei, Cresci, Amei", dedicada a todas as donzelas presentes, em especial às suas três guias. Um dos pontos altos da TUP é sem dúvida a sua versão do conhecido tema dos Trovante "Timor" já bastante conhecida de todos. No entanto, o ponto mais alto terá sido sem dúvida a estreia de um novo tema, neste caso a "Canção de Madrugar" uma composição de Nuno Nazareth Fernandes com letra de José Carlos Ary dos Santos, para o Festival da Canção de 1970, (tendo ficado incompreensivelmente em 2.º lugar). Um tema forte e sempre bastante atual. Depois de uma referência a um fado tradicional bem lisboeta "Maria Madalena", o ritmo passou a outro mais "dançável", com um dos seus temas mais populares, neste caso precisamente a "Madalena". Para saída ainda foi possível ouvir um pouco de outro dos temas conhecidos as "Carvoeiras", que ainda permitiu ver um pouco da atuação do porta-estandarte e pandeireta. Uma atuação irrepreensível a nível vocal e instrumental, sempre em crescendo e com várias mudanças de estilo musical, sempre importante num certame deste tipo.
A quarta e última tuna a concurso veio do Minho, a Azeituna, que com 26 elementos começou com contrabaixo, viola e solista à frente da cortina ainda fechada, uma versão de uma música de Marco Paulo "Ninguém, Ninguém", com passagem para o "All You Need Is Love" dos Beatles, que serviu de boas vindas da tuna. A apresentação esteve a cargo do "Coiso", que como o próprio se referiu a si próprio é "o palhaço da Azeituna" e que sem dúvida conseguiu mais uma vez divertir o público presente com as suas piadas, por vezes até às lágrimas. Seguiram-se dois temas originais, sendo o primeiro, "Caminhos d'água" com destaque para o final com gaita-de-foles, e o segundo o instrumental "Andanças" que para além dos arranjos teve também como destaque os dois bandeiras. Sons bastante tradicionais do Minho são sempre uma forte referência da Azeituna. Com ritmos mais brasileiros seguiu-se "Meia-Lua Inteira" tema popularizado na novela "Tieta do Agreste" pela voz de Caetano Veloso. A serenata dedicada às "raparigas bonitas" foi a versão de "Tudo o que eu te Dou" de Pedro Abrunhosa com início calmo com destaque para o estandarte e solista, e final mais ritmado. Depois de mais uma apresentação, termina a atuação desta vez com uma versão do "Vais Partir" de Clemente, com mais uma boa prestação do seu estandarte. Atuação animada, com destaque para os bons arranjos instrumentais, baseados em sons tradicionais na sua maioria, e os bandeiras, com coreografias em todas as músicas.
Com o final das tunas a concurso, os "velhotes" da TUIST ainda puderam participar na última das apresentações, com a banda os "Cabos Elétricos" a interpretar dois temas com humor. O Vídeo musical que se seguiu "Daft TUIST" como sempre uma grande produção da tuna baseado como é evidente num tema dos "Daft Punk" intitulado "O Regresso do TUIST".
Com cerca de 60 elementos em palco ainda foi possível ver a tuna da casa - a TUIST, antes da deliberação do júri, constituído por: Jorge Semião (membro fundador da TUIST); Mónica Conceição (fundadora da TFIST); Rui Rocha (musico, autor e compositor), Manuel Rebelo (Coro da Gulbenkian e fundador do projeto "Vocal Emotions") e o Professor Henrique Silveira (compositor de ópera e professor no IST).
Prémio Hard Rock Café - Azeituna - Tuna de Ciências da Universidade do Minho
Tuna mais Tuna Prémio Prof. Ramôa Ribeiro - Scalabituna - Tuna do Instituto Politécnico de Santarém
Acabado o espetáculo no Coliseu dos Recreios, a festa decorreu mesmo ao lado, no "Ateneu Comercial de Lisboa". A animação foi total como prometido, com a presença de todos os tunos e muito do público do XVII TUIST, com muita música ao som do DJ de serviço "Zé Tó Mix".
Como pontos altos do festival, tivemos sem dúvida o convívio proporcionado às tunas na noite de sexta-feira e sábado, sempre bastante animado e com interação entre as várias tunas e restantes "adeptos"; as atuações das tunas bastante equilibradas entre si; as claques que deram o ambiente certo a um festival de tunas; o som que apesar de alguns problemas iniciais, acreditamos que não é certamente fácil fazer som a este tipo de agrupamentos, principalmente numa sala como o Coliseu, teve apesar disso uma melhoria substancial em relação ao da última edição; e por fim uma referência à organização, com gente nova, mas que esteve sempre atenta aos detalhes, que fazem muitas das vezes a diferença...
Como ponto menos positivo, apesar do visível "corte" das atuações iniciais das tunas extraconcurso, foi a extensão do espetáculo. Pensamos que mesmo mantendo o mesmo "figurino" com sete apresentações de tunas, poderá haver no entanto um pouco mais de rigor nos tempos de atuação de cada tuna, ou até mesmo encurtando um pouco as apresentações e/ou a cerimónia de entrega de prémios.
Por fim, o Portugaltunas agradece à TUIST toda a atenção para com a nossa reportagem, estão de parabéns! Um forte abraço de amizade!
Até ao XVIII TUIST!!!