XII Real FesTA
07-04-2009
A cidade de Leiria foi mais uma vez palco de mais uma edição do Festival de Tunas da Tum’ Acanénica, o XII Real FesTA, Real Festival de Tunas Académicas a D. Dinis, O Trovador, evento que decorreu nos dias 3, 4 e 5 de Abril.
Para aqueles que acompanham este espectáculo que é o Real Festa, é notória a envolvência não só da “Tuna das Canecas” na sua organização mas também da cidade de Leiria e de várias entidades locais que fazem deste evento uma presença obrigatória no programa cultural da cidade.
Na tarde de sábado pelas 16h00 teve início o Pasacalles junto da Câmara Municipal, passando pela Praça Rodrigues Lobo e terminando no Teatro José Lúcio da Silva que foi uma vez mais, o palco escolhido para o Real Festa.
O Festival propriamente dito, subordinado ao tema “a noite”, começou por volta das 21h30 com casa cheia (700 pessoas) e contou com a participação das seguintes Tunas:
• TAISCTE: Tuna Académica do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (Vencedora do XI Real)
• Enftuna: Tuna Mista da Escola Superior de Saúde de Portalegre (Prémio do Público no XI Real Festa)
• ESTATUNA: Tuna da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes
• K & Batuna: Tuna Mista da Escola Superior de Educação de Coimbra
• Instituna: Tuna Mista do Instituto Politécnico de Leiria
A primeira Tuna a pisar o palco do XII Real Festa foi a Estatuna que surgiu com um número elevado de elementos em palco. Iniciou a actuação com adaptação da “Prima da Chula” dos Trovante na voz seu solista “Pepas” que viria ainda a interpretar “O que faz falta” do grande mestre “Zeca” Afonso. A novidade da noite foi a estreia de um poema de Bocage intitulado de “Marília Ausente” adaptado musicalmente pelos elementos “Ernesto” e “Espanhol” e interpretado precisamente pelo “Ernesto” que foi o segundo solista de serviço. Foi sem dúvida, um grande momento musical. Foram ainda interpretados os habituais temas “Viajera” (música sul-americana popularizada por Los Sabandenos) e a “Canção de Embalar” de “Zeca” Afonso. A saída de palco foi feita ao som do próprio hino da Estatuna. Foi uma das melhores actuações da Estatuna, este ano, com grande qualidade musical e onde estiveram ainda em bom nível, a habitual “escola” de porta-estandartes.
A Enftuna foi a segunda tuna a actuar, iniciando a sua actuação com o tema “A musa” seguindo-se o seu habitual instrumental original intitulado de “Portus Alacer”. A música seguinte, “O Caminho”, interpretado na belíssima voz da sua solista “Ana Luzia” foi um dos momentos altos da noite no Teatro José Lúcio da Silva. Foram ainda interpretados os temas “Venham mais cinco” de “Zeca” Afonso e o original “Quando cai um Aluno na Cidade” com letra dedicada à cidade de Portalegre. Destaque mais uma vez para a forma como a Enftuna “encheu” o palco com coreografias dos seus porta-estandartes e numeroso pandeiretas (5 a 6 dependendo das músicas) revelando uma boa coordenação, mas o maior destaque foi, sem dúvida alguma, para a forma original de como foi apresentado o espectáculo pelo seu porta-estandarte “Stick” que, introduzindo cada música enquanto relatava a sua própria história em Leiria com rimas que arrancaram gargalhadas e salvas de palmas do público, deu um grande contributo para a valorizou a actuação da Enftuna. Uma actuação de grande qualidade e sobretudo muito bem preparada.
Seguiu-se a Instituna que abriu a sua actuação com o seu instrumental “Medley” iniciado com acordes de “Verdes Anos” de Carlos Paredes. Seguiu-se a adaptação do tema “Deixa-me rir” de Jorge Palma e os originais “Tributo ao vinho” e “Até o amor não mais poder” (dueto). Numa actuação caracterizada pela habitual apresentação de uma maioria de originais, foram ainda interpretados os temas “Acordes apaixonados” (hino da Instituna) e “Segredos de Leiria).
Após um breve intervalo, subiu ao palco a TAISCTE com uma actuação de grande maturidade musical, iniciada com o tema “Quando”, adaptação musical de um poema dedicado a Sophia de Mello Breyner. Seguiram-se os originais “Oh Lusitano” e “Alma” e o seu instrumental de grande qualidade, adaptado de “Lord of the Dance”, intitulado “Celta”, com destaque para o espectáculo proporcionado pelos 2 timbalões (um de cada lado do palco) com ritmos complexos e uma coordenação exemplar. Terminaram a actuação com o tema “Renascer do Trovador” e com uma marcha de Lisboa intitulada “Noite de Santo António” interpretada na bela voz da sua solista Carla Mendes. Destaques na actuação da TAISCTE para a qualidade musical em geral com um bom aproveitamento das condições sonoras do teatro, pela original apresentação do espectáculo alusiva à disputa de Leiria entre os Mouros e os Cristãos e a alguns bons momentos dos seus porta-estandartes, embora com algumas falhas, denunciadas pelo rosto de menor satisfação dos próprios executantes. Uma actuação de grande nível que apesar de não arrancar grandes ovações, cativou o público mais entendido.
A última Tuna a concurso a actuar foi a K & Batuna que iniciou a sua actuação com o seu instrumental intitulado de “O Fandango do Padrinho do Fantasma da Ópera”. Seguiram-se os temas “Ti’ Arminda”, “Deus Dionísio”, ambos originais, e “O vosso Galo Comadre”, tema de origem galaico-portuguesa que constituiu o momento mais alto da actuação da K & Batuna, com interacções vocais muito conseguidas. O último tema interpretado foi a “Balada da Saudade”.
Antes da entrega de prémios, coube à Tuna da casa pisar o palco do Teatro José Lúcio da Silva com destaque para a poderosa voz da sua veterana solista “Pierrot”, para o original “Fonte das 3 Bicas”, para a adaptação do tema “A Festa da Vida” interpretado com grande intensidade vocal, tema este celebrizado por Carlos Mendes (vencedor do festival da canção em 1972). Seguiu-se o momento mais alto da noite com a música “Linda Leiria” entoada por todo o público presente; um momento arrepiante que arrancou a maior salva de palmas da noite. A actuação da Tum’ Acanénica ficou ainda marcada pela atribuição do título de membro honorário da Tum’A à Câmara Municipal de Leiria, ao Instituto Politécnico de Leiria e ao próprio Teatro José Lúcio da Silva pelo contributo prestado por estas entidades e colaboração na organização da 12 edições deste Real FesTA. Foram ainda nomeados Tunos Honorários o Professor João Paulo Marques, vice-presidente do Instituto Politécnico de Leiria e o Dr. Daniel Pereira, assessor da Presidente da Câmara Municipal de Leiria bem como 6 outros elementos da Tuna.
Após a actuação da Tum’Acanénica seguiu-se a entrega de prémios. Neste âmbito, o júri deliberou:
• Melhor Pasacalles – TAISCTE
• Melhor Porta-Estandarte – Enftuna
• Melhor Pandeireta – Enftuna
• Melhor Solista – Enftuna
• Melhor Instrumental – TAISCTE
• Tuna do Público – Enftuna
• Prémio D. Dinis (Melhor Serenata) – Enftuna
• 2ª Melhor Tuna – TAISCTE
• Melhor Tuna – Enftuna
No que diz respeito às condições técnicas e organizacionais: nota positiva para toda a estrutura associada ao Teatro. Boa qualidade de iluminação e decoração do palco e muito boa qualidade do som, apesar de momentaneamente o volume do microfone de alguns solistas ter dificultado um pouco a evidenciação das suas vozes. Nota talvez um pouco menos positiva para a apresentação das tunas antes da abertura do pano, cujas encenações não cativaram muito o público e por vezes não deram o “timing” suficiente para algumas tunas se prepararem em palco. Pormenores que em nada retiraram o grande valor deste XII Real FesTA de da organização da Tum’ Acanénica.
A Enftuna sagrou-se então a grande vencedora deste Festival, tornando-se ainda recordista do número de prémios vencidos numa só edição do Real FesTA, premiando desta forma a excelente preparação que fez para este Festival. Nota ainda para a sua solista “Ana Luzia” que continua a arrecadar prémios após prémios para a Enftuna em festivais este ano. A excelente actuação da TAISCTE valeu-lhe o 2º lugar e a conquista de mais 2 prémios. Quanto à Instituna, K & Batuna e Estatuna levaram para casa memórias de um grande festival e camaradagem.
Num Festival onde foram ainda avistados inúmeros elementos de outras Tunas vindas de todo o lado (Tuna Iscalina e Tuna Económicas, ambas de Lisboa, Augustuna de Braga, Tuna de Veteranos de La Coruna; Tu Na D’ESTES de Coimbra, entre outras…), falta apenas dizer:
Parabéns à Tum’ Acanénica e até ao XIII Real FesTA!