Sobre uma qualquer propositura à UNESCO

27-07-2021

Sobre uma qualquer propositura à UNESCO

Porque volta e meia, o tema surge, deixo uma reflexão minha datada de 2019 sobre a temática.



A abrir: Acho impossivel a mesma. Uma candidatura transfronteiriça ou internacional, pretensamente, está condenada ao fracasso à nascença. Mas imaginemos que a mesma ocorria:


Assim sendo e no âmbito dessa amplitude, como seriam observadas as naturais questões genéticas - e caso a caso - de cada realidade tuneril, em função do espaço que cada uma legitimamente ocupa? Uma tuna em Espanha não é a mesma coisa que uma Tuna em Portugal ou México ou Holanda (com mais ou menos semelhanças) e assim sucessivamente. Assim sendo, de que forma seriam contempladas as diferenças genéticas que legitimamente cada caso detém?


Respeitando inteiramente a definição de Tuna compilada p.ex. para a Real Academia Espanhola - sendo certo que existem outras várias definições de Tuna e casuísticamente, para lá de inúmeros dicionários onde as mesmas constam e de forma mais ou menos distinta - de que forma se chegou a essa mesma definição? Foi na mesma tida em conta as diferentes idiossincrasias no que reporta à Tuna e sua definição, casuísticamente, e a nível internacional? As definições de Tuna Estudantil dadas por ilustres estudiosos do tema são menores? Se sim, porque?


Sendo observada a matriz musical no caso português como crucial para a sua definição e natureza historicamente delimitada, de que forma essa mesma matriz estaria devidamente contemplada no que se reporta a uma putativa candidatura internacional ?


Sendo observado, no caso português, de que existem Tunas estudantis que não estão adstictas nem formal nem informalmente a qualquer Universidade - e seria pertinente observar a relação jurídica (ou não) entre as que se dizem da Universidade/faculdade X - como resolver essa questão e no caso lusitano? (onde existem vetustas e decanas Tunas que não estão adstrictas a qualquer instituição de Ensino Superior, facto que não se contesta).


Como - e na sequência do ponto anterior - contemplaria tal propositura internacional a Tuna composta por ex-estudantes, seja ela Tuna ou Quarentuna? De que forma se enquadraria a mesma numa hipotética internacional candidatura?


Sendo certo que o carácter ostensivo/abusivo/ilimitado do termo «Académica/o» no caso português - peculiar neste apartado, resultante da História de pouco mais de um século - é distinto do significado dado ao mesmo termo noutras latitudes internacionais, como se concluí do carácter «Académico» de uma Tuna e casuísticamente?


Quanto à instrumentação própria de uma Tuna, como se concluí da legitimação ou não de tal e caso a caso, sendo conhecedores das naturais e históricas diferenças, resultantes da localização geográfica até, de cada país? Como se define um modelo transversal para todos os casos e no âmbito de tal putativa candidatura?



Quanto ao aspecto estético - e mais uma vez cabe referenciar a caixa de Pandora do caso português, onde na mesma cidade há N Tunas com trajes distintos entre si - como harmonizar, no âmbito de tal pretensa candidatura, tais distinções? Quem afere da legitimidade de um traje de tuna? Como?


Por outro lado, importa saber com propriedade Quem, Quando, Como e Porque no que toca à definição das premissas a montante e no âmbito de uma pretensa candidatura, sendo certo que nenhuma expressão tuneril exerce qualquer supremacia sobre outra, seja originária de que país seja (não se admitem neocolonialismos tuneris venham de onde vierem e muito menos face ao fenómeno tuneril português).


Eís as razões porque tal candidatura a Património Imaterial é materialmente impossivel - mesmo que movida seja pelas melhores intenções - que fará pelas erradas.


Sem as premissas em causa estarem resolvidas a montante qualquer projecto de candidatura internacional sobre o tema é um monumental fracasso.


RT