Neo-Queima: Uma ideia de inovação...

24-04-2009

Neo-Queima: Uma ideia de inovação...
Acordemos para a realidade. De facto, andamos todos adormecidos e cristalizados pelo passado reminiscente e tradicionalista que em nada tem a ver connosco hoje em dia. Os tempos mudam e há que coerentemente, adaptar os tempos, inovar como agora se diz à boca cheia. Avançemos, saíamos desta hibernação caduca e a cheirar a mofo que é a Queima Tradicional, vendida faz tempo aos altos interesses dos próprios estudantes - como quem os representa não o fossem também...

Sejamos, então, coerentes e façamos o devido facelift ou restyling ou upgrade à Queima Tradicional, por coerência com o que hoje ela é. Por partes então:

A Monumental Serenata deveria ser substituída em coerência pela Monumental Rave; afinal a malta vai à Serenata fazer tudo menos escutá-la com respeito e sentimento, ou seja, não vai lá pela lógica que a própria Serenata encerra em sí mesma. Paciência mas os tempos são outros; se a coisa não vai lá com Fado e Sentimento, então espeta-se com uma Monumental Rave, muito mais coerente de facto (algo como substituir um "ahhh, Saudade" por um "ahhh, Vibe!")

Depois, a Missa de Benção das Pastas, ainda que diga muito aqueles estudantes mais católicos praticantes, poderia eventualmente ser substituída pela Missa da Benção do Guronsan; não deixava de ser uma missa, mantinha os traços mais introspectivos e religiosos e apenas substituía a Pasta - que na Queima dos dias de hoje só estorva a ver pelo que se vê - pelas capacidades divinas e sobre humanas do Guronsan, esse sim, objecto de culto e adoração até. Mais um upgrade, portanto, sempre a inovar, é bom de ver...

O Dia da Beneficiência que se segue bem que poderia, até pelo seu lado solidário intrínseco, ser substituído por algo como o Dia da Bilhetência, tal é a procura de bilhetes para entrar no Queimódromo que até esgotam no dia anterior. Mantinha-se a beneficiência só que aqui ao contrário; em vez do Estudante recolher fundos que reverterão a favor de uma ou mais instituições de solidariedade social através da venda de miniaturas de pastas académicas em cartão com fitas dos diferentes cursos e versos alusivos a estes, o comum mortal ou "candongeiro" de ocasião oferecia neste dia umas quantas "borlas" para o Estudante entrar no Queimódromo logo à noite. Evitavam-se assim filas descomunais e bilhetes vendidos a preços altamente proibitivos na caça a esse bem precioso mas mantinha-se o lado benéfico do dia em questão. Há que manter o Espírito Académico, ora essa!

O Concerto Promenade poderia passar a ser o Concerto Pró Mais Nada, onde nada seria relevante a titulo musical, colocando de lado aquele cariz bolorento da música erudita do Promenade tradicional a lembrar a Antena 2, substituindo o mesmo por sons mais alternativos a oscilar entre a musica popular do Alto Volta e o rock progressivo do Suriname.

O Cortejo Académico é o que se afigura de solução mais fácil porque já está todo revisto, actualizado e aumentado, passando-se a chamar Cortejo Baiano Elektro tal a proliferação actual de Trilhos ligados aos 220 volts da ordem numa espécie de Kadok com rodas mas à moda brasileira, só faltando o devido upgrade em coerência, substituir os Fitados e Fitadas em cima do Trilho por Baianas semi-nuas para gaúdio da populaça estudantil e "futrica". Perde-se na criatividade (como se esta já não estivesse perdida...) das mensagens dos carros dos diferentes cursos e Universidades mas ganha-se em alegria com sabor bem tradicional Brasileiro, pois então. Finalistas à frente do Cortejo substítuidos por escolas de samba vindos em barda de vôos charter directamente da Sapucaí. O Dux daria lugar ao Martinho da Vila ou à Ivete Sangalo, sem mais delongas. Tudo tirando o pé do chão!

O Baile de Gala poderia ser perfeitamente substítuido pelo Baile de Golada, pois representa historicamente o fim da vida académica dos Estudantes e portanto o começo do longo martírio em encontrar emprego que só é suportável com umas boas goladas de penalty a cada entrevista "ao lado" que se vai tropeçando nesse calvário futuro.

O Rallye Paper daria lugar neste upgrade ao Rallye Magalhães, pois estamos na era da sociedade da informação e se antes o papel importava, agora importa o Gigabyte. Perguntas online, controles via GPS e tá a andar de pópó. O único entrave aqui é encontrar nesta semana condutores cool.

O Chá Dançante é demodé, coisa do passado, fossil. Agora deveria ser a Cerveja Dançante tal é a força comercial e de marketing das Queimas de hoje e face às grandes cervejeiras. No essencial seria trocar o chá pela bela da "bejeca" e andaria pelos mesmos moldes, mais coisa menos coisa.

A Garraiada deveria passar a ser definitivamente não num campo de Touros mas na plateia em frente ao palco do Queimódromo, trocando-se o nome para Mochada, bem mais actual, adaptado aos novos tempos, inovador, mais à frente e que afinal, continua circunscrito não por um redondel mas antes pelas grades do Queimódromo. Os garraios seriam substituídos pelos profissionais do INEM ( a barraquinha com os únicos e originais Shot´s de sôro..) e o "Inteligente" passaria a ser um DJ de renome internacional. Tudo em nome da inovação.

No meio desta inovação e upgrade, sobram o Sarau Cultural e o FITA, que a bem dizer ainda acabam por ser o ultimo resquício de alguma Tradição de facto e que vão permitindo que seja algo - ainda - de estudantes e para estudantes. Menos mal.

É preciso deitar abaixo o bolor, acabar com as teias de aranha! Há que inovar, com a breca!

Fica, pois, a proposta constante em Acta e para memória futura, agora que estamos em vésperas de mais uma semana altamente lucrativa.... perdão, sentida e até, quiçá, sofrida.....


"São como as mokas de um dia, as noites do Estudante, que o INEM logo levou...."