Festuna: A Reportagem

29-10-2019

Festuna: A Reportagem

  

Realizou-se em Coimbra nos passados dias 24, 25 e 26 de Outubro a 29.ª edição do FESTUNA - Festival Internacional de Tunas de Coimbra, organizado pela Estudantina Universitária de Coimbra.

As tunas a concurso este ano foram:

- Azeituna – Tuna de Ciências da Universidade do Minho;

- EUL - Estudantina Universitária de Lisboa;

- TAIPCA – Tuna Académica do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave;

- TMP - Tuna de Medicina no Porto.

Grupo convidado:

- Sociedade Filarmónica Recreativa e Beneficente Vilanovense.


O primeiro dia (quinta-feira) consistiu num convívio, designado “Traçadinho” nos jardins da AAC em frente a sala Tó Nogueira, evento destinado à divulgação do festival, com muita música e animação própria destes eventos.

O segundo dia do certame foi destinado à Noite de Serenatas, na Praça 8 de Maio, em frente à Igreja de Santa Cruz onde para além das tunas a concurso, atuou ainda o Grupo de Fado “MAIO”, que abriu essa noite da melhor forma.

Finalmente no sábado 26 Pelas 21:30h no Teatro Académico Gil Vicente, teve início o espetáculo, com a apresentação das tunas a ser feita em vídeos que contavam a “saga” de um grupo de amigos pelas ruas de Coimbra. Alguns momentos de humor e alguma crítica ao estado atual da academia coimbrã.

Este ano a Estudantina tentou trazer um toque diferente ao seu festival, ao começar o espetáculo no TAGV com a presença da Sociedade Filarmónica Recreativa e Beneficente Vilanovense, com a qual interpretou o tema “Madrugada”, do cantor Duarte Mendes, vencedor do Festival RTP da Canção de 1975. A EUC pretendeu assim relembrar a efeméride dos 50 anos da Crise Académica de 1969, movimento estudantil que revolucionou Coimbra e o país. De seguida a Filarmónica Vilanovense, fundada em 1878, ainda interpretou temas de musicais famosos, como sejam “Les Miserables” ou “Chess”. A EUC volta a juntar-se à Filarmónica para interpretar um medley de temas do Festival da Canção. Um bom momento sem dúvida, bem conseguido, no entanto no contexto de um festival de tunas, algo extenso.

Após um pequeno intervalo para preparação do palco, deu-se início à apresentação das tunas a concurso, e a primeira foi a Estudantina Universitária de Lisboa, com 21 elementos e muta gente nova, a curiosidade da presença, pela primeira vez na sua história, de um fundador da tuna e do seu filho (ainda caloiro) numa atuação. Espetáculo suportado na sua maioria por um solista, também ele a dar os primeiros passos, mas conseguiu uma apresentação positiva, que percorreu alguns dos clássicos da EUL, como sejam, “Sete Colinas” que iniciou a apresentação, seguido do instrumental “Celtibera” original de Júlio Pereira, “Desfolha” de Simone de Oliveira com ligação à “Tourada” de Fernando Tordo, Mais duas referências ao Festival RTP da Canção, terminando com a Marcha “Lisboa Eterna”. Apresentação muito equilibrada, tendo em conta esta nova geração de elementos, a dar sinais positivos.


A segunda tuna veio de Braga – a Azeituna com 27 elementos e a sua mascote “o Coelhinho”. Um atuação bem conseguida e animada, que começou com o “Nasci para a Música” de José Cid. O destaque maior vão para o seu original “Suevos” com o famoso estandarte de patins, seguido do tema brasileiro “Asa Branca”. Outros destaques vão para o instrumental original “Percursos”, o clássico da tuna “E Depois do Adeus” (para além de senha da revolução de Abril, mais um tema do festival RTP da Canção) com o solista e agora um músico da nossa praça Daniel Pereira “Cristo”, a quem desejamos os maiores sucessos. “Vais partir” do artista popular Clemente.


A terceira tuna a concurso veio da cidade Invicta – A Tuna de Medicina do Porto com 24 elementos. Destaque para os solistas da tuna, principalmente no original “Fortuna”, com interpretações monumentais de temas praticamente todos eles originais da tuna, à exceção do Instrumental “Palladio” de Karl Jenkins. Uma apresentação muito eclética, de vários géneros musicais onde o desempenho dos solista e instrumental foram considerados pelo jurado os melhores da noite. Não podemos deixar de destacar o excecional trabalho do bandeira da tuna, que mesmo deixando cair uma delas na primeira entrada, não se deixou intimidar e conseguiu arrancar aplausos ao público presente por sucessivas vezes, conseguindo sem margem para dúvidas o melhor desempenho. Apenas um ponto não tão positivo da atuação da Medicina do Porto é a sua postura em palco algo “caótica”. Um ponto a rever para o bem de uma atuação valorosa.


A quarta e última tuna a concurso chegou-nos de Barcelos, A TAIPCA o grupo com mais elementos em palco – 29 a que somou a mascote, desta vez um galo, como é óbvio. O tema “Saudade” e “O Dia em que o Rei Fez Anos”, que o grupo Green Windows levou ao Festival RTP da Canção de 1974 deram início à atuação. Em destaque o tema de solista “Barca dos Amantes” de Sérgio Godinho, o tema animado “Eu não sou Poeta”, onde os pandeiretas brilharam e por fim e para terminar “O Galo é o Dono dos Ovos”, novamente de Sérgio Godinho encerraram a atuação. Eventualmente a tuna a concurso mais prejudicada pelo som, que não foi brilhante diga-se de passagem no decorrer de todo o certame.


Por fim atua a tuna organizadora – a Estudantina Universitária de Coimbra com 31 elemento em palco, deu início à sua apresentação, enquanto o júri deliberava. “Mudam-se os Tempos Mudam-se as Vontades” de José Mário-Branco homenageou novamente os estudantes da Crise de 1969, que tiveram a coragem de lutar pelos seus direitos, num tempo que era complicado fazê-lo. Muito bem a EUC em relembrar este momento histórico que deve ser recordado e avivado sempre que possível. A peça instrumental “Dois Fados à Conversa” foi outro momento de homenagem, desta vez à Guitarra Portuguesa, e a dois nomes maiores, cada um no seu estilo - Fontes Rocha e Carlos Paredes. “Capa Negra, Rosa Negra” popularizada por Adriano Correia de Oliveira e o original “Numa Noite de Luar” foram os temas seguintes, antes da tradicional chamada dos antigos tunos a palco para o conhecido original “Assim Mesmo é que é” e a Serenata às guias do certame “À Meia-noite ao Luar”


Chegou o momento final de entrega dos prémios, que ficaram assim distribuídos:

 


Prémio Simpatia: TAIPCA

Melhor Serenata: EUL

Melhor Desempenho Vocal: Azeituna

Melhor Pandeireta: TAIPCA

Melhor Solista: TMP

Melhor Desempenho Instrumental: TMP

Melhor Estandarte: TMP

2a Melhor Tuna: Azeituna

Melhor Tuna: TMP


A noite de confraternização decorreu nos jardins da AAC.

 

Parabéns à organização, e agradecemos desde já o apoio prestado ao Portugaltunas para a realização da reportagem.


Até para o ano!


José António Rosado