Napo

06-07-2016

Napo

Esta semana Napo partiu. Quem o conhece certamente saberá que para outros palcos, era dele, estava-lhe no sangue. Para espalhar a sua Alegria. Claro que a Alegria do Napo nunca ia só. Ia sempre devidamente acompanhada por um sonoro e bem Galego Carallo, finalizando com um momento publicitário, porventura a potenciar a Alegria que ele sempre teve, distribuíu a rodos e que contagiou todos aqueles que com ele se cruzaram, uma vez que fosse. Claro que Napo era muito mais que uma simples frase bem rasgada. É um mito tuneril, já o era, de tal forma que hoje muitos que nunca com ele se cruzaram o homenageiam, basta viajar pelo FB p.ex. E de facto, o mito foi sendo construído por todos, muito por "culpa" da sua forma de estar neste mundo. 

 

Já nāo estava com ele fazia tempo. Aliás, estávamos a meio de uma conversa que começamos, ele e eu, algures num bar de hotel em Lisboa, num TUIST dos anos 90, embora o conheça desde 1992. Eu e o Napo nunca começamos uma conversa, era sempre a mesma e que ia interrompendo a espaços, apenas. Poderão dizer que tal seria uma "seca" monumental. Pois informo que não, era precisamente o total oposto. Até porque pegávamos na conversa no exacto ponto onde ela tinha ficado, no festival anterior onde estiveramos antes. Ou na "oficina" dele na Coruña, templo que tive o previlégio de conhecer. Ou por cartas, que trocavamos então. 

 

O Napo era a Tuna. Era preciso conhecê-lo para perceber tal, não bastava a o lado iconográfico de um simples cruzar com ele. Muitos com ele se cruzaram mas não tantos assim com ele privaram de facto. E Napo era muito mais que um Tuno. Por isso me penalizo por não ter acabado a conversa que estava a meio, como sempre esteve. A perda é toda minha. Nossa. 

 

O Napo é a Tuna, é a Quarentuna, é a Veterania, é o Saber confiado à prática. Mas acima de tudo, Napo é a Alegria que ele sempre partilhou, entre novos e menos novos. Ficará para sempre entre nós, nas lapelas de alguns, nas cartas que enviava a uns poucos, mas sobretudo no riso de cada Tuno português - ele que cedo tornou Portugal na sua segunda casa. Seguramente que este fim de semana, na Ribeira do Porto, ele irá ser recordado junto dos quarentunos e veteranos. E de igual forma um pouco por todos aqueles que com ele, um dia, privaram. Até já, Napo, que isto por cá ficou mais cinzento sem ti.....

 

Ricardo Tavares