Querido mês de Agosto

25-08-2014

Eis-nos a chegados a Agosto. Não é propriamente, como lhe chamamos, a silly season, que nessa já entrámos há algum tempo, mas é o mês por excelência de paragem tuneril por esse país fora. Mês para eventuais balanços, mês para repouso, para algum corte mental com a Tuna. Nós por aqui, estamos em jeito de balanço, de reflexão.


Foram muitos os eventos realizados este ano, com especial incidência nos certames, tal como felizmente e apesar da crise nacional, tem sido apanágio das nossas Tunas, sinal que souberam re-inventar as soluções habituais que falharam numa era pós-cortes. Surgiram até no horizonte novos certames, dando claros sinais que a Tuna nacional, enquanto instituição, está bem e se recomenda.


Houve excelentes surpresas com novos grupos que foram aparecendo e se souberam afirmar, outros que reapareceram em força e ainda outros que reforçaram a afirmaçao já feitas em anos anteriores como grupos de inquestionável valor no panorama tuneril nacional.
Não é, infelizmente, a mesma realidade em todos os grupos que vamos acompanhando, e a renovação nem sempre existe, ou nem sempre acontece da forma mais correcta. E isso leva-nos a algumas desilusões que fomos encontrando, com alguns desaparecimentos, ou verificando que a fasquia a que certos grupos nos habituaram durante largos anos, está irremediavelmente dependente da presença de elementos antigos, que quando ausentes as condenam, ainda que não deliberadamente, em meras miragens (se tanto) daquilo a que nos habituaram.

Perguntamo-nos obviamente, qual ou quais as razões que levam, numa situação em que até há renovação efectiva, a que isto aconteça. Poderá a essência de um grupo estar de tal forma ligada a uma geração específica que, na ausência dessa mesma geração, o grupo se ressente de tal forma que se descaracteriza por completo, na sua qualidade, imagem e espírito? Estará a Tuna, enquanto grupo musical com a qualidade que sabemos que muitas das nossas têm, reservada a um lote geracional mais velho, sendo para gerações posteriores apenas mais um passatempo? Estará a Tuna a envelhecer, ficando cada vez mais reservada, na sua essência, aos mais experientes que ao fulgor da juventude? Não parece que assim seja. Mas mantém-se a dúvida: porque é que este fenómeno parece afectar mais umas tunas que outras suas congéneres? Ou será que acontece, mas torna-se mais óbvio em certas tunas, de fama e reputação consolidadas, com certames de renome, em que passou a tuna a viver da fama criada em torno de si e do próprio certame, mais do que do próprio trabalho actualmente desenvolvido? Deixaremos que o tempo responda a estas questões.

O tempo, esse vai passando e vai-nos mostrando o quanto a nossa realidade vai mudando. Aproximam-se tempos dificeis do ponto de vista universitário, que cortarão muitas das fontes de renovação das nossas tunas, com o fechar de cursos, com o número de alunos a ingressar o ensino superior a ser cada vez menor, e com o diminuir de "mão de obra" para a Tuna. Serão tempos complicados, certamente, em que sem dúvidas a Tuna prevelecerá, mas não nos moldes que hoje a conhecemos.

Será um tempo em que as Tunas mais fortes ficarão, e estas não corresponderão necessariamente àquelas que muitos de nós consideramos, tradicionalmente, como as melhores, e outras cessarão a sua existência. Serão muito provavelmente tempos de fusão de grupos, como forma de sobrevivência, e teremos à nossa disposição, como fonte de informação, os dados referentes ao último Census Tunae, que parecem apontar para uma diminuição geral na actividade tuneril.

Nós, cá estaremos para ver, para acompanhar, para relatar as surpresas que pela frente se preparam para aparecer, juntamente com algumas novidades.

Boas férias.

HB