XIV FITUFF

13-03-2017

XIV FITUFF

Os Festivais de Tunas não são, de facto, todos iguais.

Bom, no que se refere à sua mecânica provavelmente sim. Contudo, o que os envolve, define, molda e caracteriza torna uns distintos de outros. Normal.


O FITUFF é precisamente um caso distinto. Até pela distinção da própria organizadora, face às demais, o que se reflecte com particular coerência na organização do seu evento, como mais uma vez foi possivel atestar in loco, num Casino que abraça por completo o evento, mais uma vez, prova do casamento ad eternum entre a Bruna e a sua Cidade. 

O Cavalheirismo é uma diagonal sempre presente, uma espécie de DNA que distingue, clarifica, identitária até, desde que se chega à Figueira até a deixar no Domingo. Quem já lá esteve percebe o que escrevo.

Por força do atrás dito vou também tentar ser diferente na narração desta reportagem, escapando aos habituais clichês - "nos festivais de tunas há tunas, nos festivais de tunas os tunos andam sempre trajados, fazem sempre serenatas", etc etc etc - que cabem por hábito numa reportagem sobre um festival de Tunas. Tentarei.

Alguns hotpoints do espectáculo bem sonorizado que retive e que marcam definitivamente esta edição:

A actuação do Daniel Cristo e sua banda, um espectáculo diferente naquilo a que ele mesmo chama de "música de identidade", a um nivel a que não estamos habituados neste género musical. Um inicio de FITUFF em alta.  

Apresentadores a gerir bem a situação que obriga as tunas a percorrer a sala até ao palco, sendo que até se posicionarem existe um inevitável hiato de tempo que foi gerido a favor do espectáculo.

O apadrinhamento da Estudantina Académica de Lamego pela Tuna Bruna, em acto público, no palco deste FITUFF, momento que certamente marca ambas as Tunas de forma indelével e que resulta de um franco, salutar e longo convívio entre ambas, num tempo onde cada vez mais rareiam os apadrinhamentos entre Tunas - momento que nos transportou ao tempo do "boom" dos anos 80/90 do século passado.

O espectáculo cénico da Afonsina e a narrativa cómica em torno de Afonso e sua mãe, nos intervalos dos seus temas foi outro dos hotpoints desta edição do FITUFF.

A versão de "Dos Gardénias" de Isolina Carrillo pela Estudantina Universitária de Coimbra: Do melhor que ouvi ultimamente pela mão de uma Tuna e, para mim, "o" tema da noite, pela voz de um solista magnífico. Simplesmente de outro planeta.

As "Bodas de Dom Luis Alonso" pela Tuna Universitária de Alcalá de Henares: Não é todos os anos - já nem digo dias - que se escuta uma Tuna espanhola com 45 elementos em palco a tocar esta complexa peça instrumental, ainda por cima com 8 bandurrias em simultâneo in su sitio. Genial.

Finalmente "Os Senhores da Guerra" pela Luz&Tuna: Não se consegue usar palavras para descrever a execução deste tema quer vocalmente, quer instrumentalmente. Uma raridade em si mesma, a excepcionalidade interpretativa, com upgrades subliminares nas vozes e instrumentos aqui e ali que lhe conferiram ainda mais qualidade. Soberbo.

Fim de festa com a Tuna anfitriã, com a qualidade a que nos tem vindo a habituar e que tem dado frutos aquém e além fronteiras, a que soma um evento desta rara qualidade e distinção, que obrigou o Jurado a complicadas escolhas, resultado óbvio da qualidade demonstrada em cenário.

O Jurado do XIV FITUFF foi composto por:

Rogério Cruz - Professor de Música

José António Rosado - Membro da Tuna Templária do Instituto Politécnico de Tomar

Ricardo Tavares - Fundador da Tuna da Universidade Lusíada do Porto

Raul Santos - Membro da Imperial Neptuna Académica



Assim, os prémios foram atribuídos da seguinte forma:


Melhor Pandeireta - Luz&Tuna - Tuna da Universidade Lusíada de Lisboa

Melhor Estandarte - Afonsina - Tuna de Engenharia da Universidade do Minho
Melhor Instrumental - Tuna Universitaria Alcala de Henares
Melhor Original - Afonsina - Tuna de Engenharia da U.Minho.
Melhor Solista - Luz&Tuna
Melhor Serenata - Luz&Tuna

Tuna Mais Tuna - Afonsina
2a Melhor Tuna - Estudantina Universitária de Coimbra
Melhor Tuna - Luz&Tuna


A Figueira ficou contente. Gente na rua, trajes, instrumentos, vozes, amigos de sempre e novos, ambiente acolhedor, quase familiar, numa tranquilidade sonoramente festiva, tão característica, aliás, da tuna organizadora. Um sucesso - mais um, portanto - a todos os niveis.


Resta agradecer a forma como o PortugalTunas foi acolhido uma vez mais e até para o ano!


Post Scriptum: Aqueles hamburgueres do "Cocktail" continuam a ser algo de absolutamente único......


RT