XXXI FITU Bracara Avgvsta: o adeus às máscaras com casa cheia
04-05-2022
Cinco dias de folia, oito tunas convidadas e mais três grupos culturais. Esta é a receita que torna o FITU Bracara Avgvsta mágico e um evento que há muito se descolou da grandiosa sala do Theatro Circo, para se tornar num evento que pertence à Academia Minhota e a toda a cidade de Braga.
Quando chegámos a Braga, na última quarta-feira, para assistir ao arraial que dá mote para o início oficial do festival, ninguém nos preparou para já aí sentirmos o calor dos estudantes minhotos: com a participação dos Bomboémia e da Tun'ao Minho, o público encheu o Largo dos Peões, onde ainda se teve um vislumbre do que seria a atuação da Tuna Universitária do Minho (TUM) e da Tuna de La Universidad Nacional Federico Villarreal (Tuna UNFV) - Perú - no palco do Theatro Circo.
Passada a noite de convívio, que já contou com alguns rostos de outras tunas do país, o momento mais querido do festival, para com a cidade de Braga, havia chegado: pouco passava das 22H00 quando a fachada principal da Sé de Braga serviu de cenário para acolher a serenata da tuna anfitriã.
Entre alguns êxitos bem conhecidos do público, como a "Menina estás à janela", que acolheu o momento de entrega de rosas às donzelas presentes na serenata, o rossio da Sé rapidamente se compôs para ouvir o original da TUM "Gerês Tónico", continuando com "A Fonte e o Teu Nome" e terminando com o elenco ainda mais composto com a participação especial da Tuna UNFV, para interpretar a canção "Silêncio".
O primeiro dia de festival chegava e com ele uma tarde de calor que não convidava a trajar. Mas as ruas de Braga davam sinais de que a festa já havia começado, não fosse a avenida da Liberdade ter começado bem cedo a acolher as tunas participantes desse dia.
O palco, dali a umas horas, ganharia vida com a participação da Tuna Universitária de Aveiro (TUA), Hinoportuna, Tuna UNFV e para terminar, uma das tunas extra-concurso, a Azeituna. Mas o espetáculo só seria dado por iniciado, depois de uma belíssima atuação dos dez primeiros anos da TUM, dedicadas aos tunos que já nos deixaram, Banessa e Facadas, juntando-se toda a tuna em palco para mais algumas canções.
Com o público já aquecido, a TUA entrou em palco, dando início à atuação com uma canção de José Afonso, "Os Vampiros", numa referência direta à guerra na Ucrânia, continuando com um medley de obras do mesmo autor. De uma serenata para o instrumental, até à música mais reconhecida: "Amor à beira mar", com a qual se despediram do público bracarense.
Não há festa como a do Minho e a Hinoportuna continua a ser prova viva disso: levando o público à euforia da noite, o palco encheu-se de pandeiretas, de samba e de danças de bandeira. Claro que sem antes passar por temas como "Maio, Maduro Maio", "Balada ao Vento" - dedicada ao Banessa - e "Entre o Samba e o Fado".
Vindos do outro lado do oceano, chegava finalmente a vez da Tuna UNFV, a última tuna a concurso do primeiro dia. Foi com os ritmos quentes da América Latina que conquistaram o público bracarense, numa atuação que arrancou muitos aplausos, o que mais tarde se refletiria nos prémios atribuídos. "Ritmo, cor e sabor" foi o que não faltou no palco do Theatro Circo e nas dezenas de pessoas que aguardavam com muita expectativa a sua atuação através da transmissão ao vivo.
O dia terminava com chave de ouro, com a Azeituna a encher o palco para um espetáculo que nos deixou com saudades do Celta (Certame Lusitano de Tunas Académicas). Iniciando com uma canção preparada especialmente para a TUM e interpretada pelos caroços (caloiros) da Azeituna, continuaram com canções como "Amigos do Gaspar", "Balada das Sete Saias" e "Vais partir". A data da próxima edição do Celta foi revelada e vamos poder contar com a Azeituna no Theatro Circo nos dias 9 e 10 de dezembro.
A fazer lembrar um dia de verão, o segundo dia de FITU Bracara Avgvsta começou com o pasacalles das tunas presentes pelas ruas lotadas do centro histórico de Braga, culminando na celebração de mais uma edição do festival com o conhecido convívio no Largo do Paço.
Caberia à Tuna de Medicina do Porto (TMP) ser a primeira a estrear o palco do Theatro Circo, interpretando o seu novo original "Portugal só p'ra me vires beijar", bem como "Caronte", seguindo-se com "A Máscara de Zorro", "Conquista" e terminando com o já bem conhecido hino da TMP, "Noites de Ronda".
Uma das melhores atuações da noite ficaria para a Estudantina Universitária de Coimbra, que trouxe até Braga o fado de Coimbra, numa brilhante entrada com guitarras portuguesas para a canção "Maria". Continuaram com "Capa Negra Rosa Negra", um "Bach Medley" que conquistou o público, "Madrugada" e pelo meio "Meninas de Braga".
Já a Tuna de La Universidad de León encheu o palco de cor, numa animada atuação com "Deja Que Salga la Luna", "Cantinero de Cuba", "Mal de amores", terminando com a canção típica "Viva el pasodoble".
O momento mais aguardado da noite seria a atuação da Tuna Universitária do Minho. Com o palco repleto, as "Terras do Minho" fizeram-se ecoar na sala que há muito pertence às tunas daquela cidade.
Entre muitos aplausos, na escuridão da sala surgiram os sons das gaitas de fole, dando entrada a um dos grupos culturais convidados da noite: os Pauliteiros Mirandeses de Palaçoulo. Subindo a palco com a TUM, Miranda do Douro trouxe a tradição até ao palco do Theatro Circo.
Mas o espetáculo à TUM pertencia e o mesmo continuou com uma convidada bem especial: Filipa Torres, também ela tunante minhota, interpretou com o solista Benigni a canção "A Flor e o Espinho", seguindo-se uma canção da própria, "Cachos d'Ouro". O momento alto da noite seria um Theatro Circo em pé para dançar ao som do instrumental "Partizan".
A entrega de prémios ditaria que os mesmos fossem distribuídos da seguinte forma:
"Melhor Solista" para Estudantina Universitária de Coimbra, que arrecadaria ainda o prémio de "3.ª Melhor Tuna"; "Melhor Instrumental" iria para a Tuna Universitária de Aveiro, que ainda levou para casa o prémio de "2.ª Melhor Tuna"; "Melhor Pasacalles" seria entregue à Tuna de la Universidad de León; "Tuna do Público" à Tuna de la Universidad Federico Villareal; a Tuna de Medicina do Porto conquistaria os prémios de "Melhor Pandeireta" e "Melhor Estandarte"; e para terminar, a tuna vencedora da noite, a Hinoportuna, conquistando para Viana do Castelo os prémios de "Melhor Original" e "Melhor Tuna".
O festival ainda se estendeu pela tarde de Domingo na zona universitária, com um convívio onde foi atribuído o prémio "Banessa" (Tuna Mais Tuna) à Hinoportuna.
Adriana Couto e Ana Cristina Silva