XXVI Festuna

02-11-2016

XXVI Festuna

XXVI FESTUNA - Festival Internacional de Tunas de Coimbra 

A Reportagem 

Realizou-se em Coimbra nos passados dias 28, 29 e 30 de Outubro a 26.ª edição do FESTUNA - Festival Internacional de Tunas de Coimbra, organizado pela Estudantina Universitária de Coimbra.

As tunas a concurso este ano foram:

- Desertuna - Tuna Académica da Universidade de Beira Interior;

- Tuna Universitária de Aveiro;

- Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico;

- Infantuna Cidade de Viseu;

- Tuna de Magisterio de Segovia.

Grupos convidados:

- Estudantina Feminina de Coimbra da SF/AAC;

- As FANS - Tuna Feminina da Universidade de Coimbra;

- Grupo de Fado "Amanhecer".

Este ano o evento teve um cariz social, visto que parte das receitas da bilheteira reverteram para a Liga Portuguesa contra o Cancro. Esta vertente social é bastante importante não só por uma questão de imagem, dado que as tunas nem sempre são destacadas pelas melhores razões, mas também porque tradicionalmente e na sua génese as tunas tiveram sempre um papel relevante no apoio a este tipo de causas sociais. Parabéns pela iniciativa, e esperamos que existam mais do género.

O primeiro dia do certame teve como ponto forte a tradicional Noite de Serenatas, no Paço das Escolas, pelas 21h30, onde para além das tunas a concurso, atuaram ainda o Grupo de Fado “Amanhecer” e a Estudantina Feminina de Coimbra.

Depois de uma noite de convívio, o segundo dia do festival  começa com o ‘pasacalles’ em que as tunas a concurso deram um pouco de cor e alegria às ruas da cidade com as suas músicas, para além de publicitarem o evento dessa noite.

Pelas 21:30h no Teatro Académico Gil Vicente, teve início o espetáculo do XXVI Festuna, com a apresentação das tunas a ser feita em vídeos que contavam a “saga” de um grupo de caloiros da EUC que pretendiam conhecer novas tunas, novas experiências “algo mais atual que nos faça rejuvenescer como grupo…” Começam então uma viagem por todos os locais das tunas presentes no festival. Momentos de humor entre scketches musicais e cenas humorísticas baseadas em séries conhecidas, foram na sua maioria bem conseguidos e que serviram de separador entre cada atuação. Antes de cada atuação também era feita uma pequena entrevista a três, conduzida com classe pelo Estudantino “Dunga”,  um elemento da tuna convidada e um elemento da EUC, no sentido de saber assim um pouco mais sobre cada grupo presente.

A primeira tuna a atuar essa noite e ainda como extraconcurso foi As FANS - Tuna Feminina da Universidade de Coimbra, realçando que se trata da tuna feminina mais antiga da cidade, e a segunda mais antiga do país, com 27 anos de idade. Com 24 elementos em palco, a sua atuação iniciou-se com o tema original “Fado Menino”, seguido de novo original “Fonte dos Amores”. A sua pequena apresentação, que serviu de mote ao certame competitivo que se iniciava em seguida, terminou com um “Sonho a preto e branco”, mais um original do grupo.

 

A primeira tuna a concurso foi a Tuna Universitária de Aveiro, com 29 elementos em palco, inicia com a adaptação de “La Foule” da cantora Edith Piaf e letra própria “Nada Cessa o Meu Sofrer”. O instrumental original da TUA “Silêncio do Mar” foi inspirado segundo os próprios nas ondas, na maresia, nas gaivotas e no mar da sua cidade e muito bem executado. “Barco de Aveiro” outro tema dedicado à cidade foi outro ponto alto da atuação. A musica de solista foi “Fantoche de Kissinger” de Zeca Afonso, já que “palavras valem mais que mil balas disparadas”. O tema foi dedicado ao filho do cantor, falecido recentemente. A atuação termina com o já tradicional “Amor à Beira Mar” para brilhar as bandeiras e pandeireta, apesar de ritmo demasiado rápido. Uma atuação sóbria e muito virada para a homenagem à cidade que representam.

De Viseu vem a segunda tuna a concurso, a Infantuna Cidade de Viseu, com 16 elementos em palco. A sua atuação foi uma retrospetiva dos seu melhores temas originais, agora que celebram as bodas de prata pelos 25 anos de história. “Navegamos a Cantar” foi o primeiro tema, logo seguido pelo “Infantuna, Tuna, Tuna”. A Serenata dedicada às guias do festival foi “A Tua Canção”. “5 de Seguida” foi o conjunto de cinco temas já conhecidos da Infantuna com principal destaque para o famoso “Águas do Dão”. No final em grande ligação com o público o tradicional “Indo Eu a Caminho de Viseu” com arranjo da tuna. Uma atuação despretensiosa como os próprios refeririam no início, mas que permitiu recordar os originais mais emblemáticos da Infantuna e que encanta sempre.

Da Covilhã chega a Desertuna - Tuna Académica da Universidade de Beira Interior, a terceira a concurso e a tuna que de longe traz mais elementos a palco com cerca de 50 tunos. Iniciam a sua prestação com o tema original que apresenta a sua cidade intitulado precisamente “Covilhã”. O segundo tema foi uma estreia nacional e tal como todos os outros, também ele um original bem conseguido “Vem Ver”. De seguida chegou o instrumental “Praia Lusitana”. A peça designada de solista intitulou-se “Infante” uma nova adaptação musical ao conhecido poema de Fernando Pessoa. O sempre impressionante “Adamastor” termina esta atuação, muito virada para a parte cénica como é já característica desta tuna, com várias coreografias de bandeiras, pandeiretas e não só, que encheram o palco e animaram o público presente, no qual se encontrava uma grande comitiva de apoio, o que é sempre de destacar.

Após o intervalo surge a simpática tuna espanhola de Tuna de Magisterio de Segovia, que em contraste com a tuna anterior é a que tem menos elementos em palco nessa noite, com 13 tunos presentes. Por isso mesmo verificou-se que tiveram claramente algumas dificuldades em articular da melhor maneira os temas apresentados, com problemas de afinação e dos tempos musicais, eventualmente por questões de munição. Esses temas percorreram os cancioneiro tunante do país vizinho em algumas das músicas mais célebres como sejam “Maria la Portuguesa”, “Silêncio”, “Alma Llanera” ou “Luna de España”.

Para terminar as tunas a concurso, surge de Lisboa a TUIST - Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico com 29 elementos em palco. “Esta Lisboa que eu Amo” foi o primeiro tema apresentado. Numa atuação intercalada com momentos teatrais a retratar a passagem de um casal de turistas estrangeiros pela nossa capital, nem os já tradicionais “Tuk Tuk” deixaram de aparecer, ou uma visita obrigatória pelo Bairro Alto. “Se um Dia não Houver Luar” foi o segundo tema. O Instrumental de Jacob do Bandolim “1 x 0” foi a adaptação seguinte. “Esta Balada que te Dou” é a mais recente adaptação da TUIST e é também o tema de solista apresentado e dedicado aos avós do solista num momento mais ternurento. A atuação termina em festa com a “Marcha do Centenário”.

Depois das tunas a concurso e enquanto o júri deliberava, atuou a tuna organizadora, Estudantina Universitária de Coimbra, que começa com 29 elementos em palco. “Tango Para Teresa” adaptação de uma música de Ney Mato Grosso teve o solista em destaque. As pandeiretas saltaram com o “Numa Noite de Luar”. O terceiro tema foi “Vida Tão Estranha” adaptação para solista de música de Rodrigo Leão. Ainda houve tempo para uma viagem instrumental com o “El Condor Passa”. Continuando pela América Latina, depois do Perú o Brasil, a EUC trouxe-nos um dos temas mais conhecidos das tunas portuguesas  - a “Madalena”.

Já com os antigos elementos da Estudantina em palco, tocou-se um dos temas mais conhecidos e tradicionais da EUC, o "Assim Mesmo é que é (Rapariga)".  A serenata dedicada às guias do festival, para encerrar da melhor forma a noite foi o "À Meia-noite ao Luar”.

Seguiu-se a cerimónia de entrega de prémios e agradecimentos, onde foram declarados os vencedores em cada apartado a concurso.

O Júri foi composto por: Ricardo Dias (músico e compositor, Ex-membro da Brigada Victor Jara), Manuel Portugal (músico, compositor e jornalista da RTP) e Carlos da Silva (antigo Estudantino “Bovino”).

Aqui ficam os prémios do XXVI FESTUNA:

Melhor Pasacalles - Desertuna

Prémio Simpatia - TUIST

Melhor Desempenho Vocal - Desertuna

Melhor Desempenho Instrumental - TUA

Melhor Estandarte - Desertuna

Melhor Pandeireta - Desertuna

Melhor Solista - TUIST

Melhor Serenata - TUIST

 

3ª Melhor Tuna - TUIST

2ª Melhor Tuna - TUA

Grande Prémio XXVI Festuna – Desertuna

 

A noite de confraternização decorreu junto ao TAGV pela noite fora.

Quanto aos pontos positivos deste Festuna, foi o aumento do público presente, em comparação com edições anteriores, o que revela o crescente interesse por este tipo de eventos, somando o já referido contributo solidário para a Liga Portuguesa Contro o Cancro e o convívio entre todos os grupos presentes no certame. As Apresentações em vídeo, com seguimento lógico entre elas e as entrevistas que se seguiram, uniram de forma positiva todo o espetáculo.

Dos pontos menos positivos a salientar, foram alguns problemas com o som que se verificaram quer nalguns vídeos, quer na própria apresentação das tunas, que sem dúvida prejudicaram alguns momentos do festival. O espetáculo foi também quanto a nós algo extenso (cerca de 5h) dadas as 7 apresentações de tunas, a que se somaram os vídeos e entrevistas mais atribuição de prémios.

Gostaríamos de dar os parabéns à organização, e agradecemos desde já o apoio prestado ao Portugaltunas para a realização da reportagem.

 

Até para o ano!

(Foto: Ricardo São Marcos)

Vídeo do Certame (tvAAC) https://www.youtube.com/watch?v=I_P0u168634