Comunicado da Tuna Académica da Universidade Lusíada de Famalicão

18-02-2014

Comunicado da Tuna Académica da Universidade Lusíada de Famalicão
A pedido da T.A.U.Lusíada de Famalicão publicamos o seguinte Comunicado:


A Tuna Académica da Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão tem sido visada pela Comunicação Social (e opinião pública em geral) a propósito de um infeliz acontecimento que remonta ao ano de 2001, onde somos apontados como os responsáveis pela morte de um amigo, de seu nome Diogo Macedo, no seguimento de uma alegada Praxe realizada na Universidade.

Na verdade não fomos nunca muito interventivos durante todo este tempo, em primeiro lugar por termos decidido respeitar a memória de um amigo que perdemos, e depois por termos sido perentoriamente ilibados criminalmente, aquando do arquivamento por parte da Polícia Judiciária do processo de investigação em que nos vimos envolvidos.
Durante mais de 10 anos temos sido alvo das mais injustas, irresponsáveis e criminosas acusações, mas eis chegado o momento de dizer basta!


Comecemos por enquadrar as pessoas para a realidade que se vivia à data dos factos. Ao contrário do que se diz, o Diogo não tinha comunicado a ninguém a sua vontade de desistir. Era normal no Verão ele estar algum tempo sem aparecer. Ia de férias no dia do último exame, e só voltava quando as aulas recomeçavam. Daí a ausência de dois meses (que já tinha ocorrido no ano anterior). O Diogo (ou Pêras como lhe chamamos) era toninho (caloiro de Tuna) há dois anos - e não quatro como se quer tentar passar - e mantinha um relacionamento normal com todos os Tunos. A maioria dos toninhos, naquele tempo, esperava cerca de dois anos ou até mais para atingir o estatuto de Tuno, como tal, a situação do Diogo era perfeitamente normal, e igual à de muitos outros.


Durante mais de 20 anos de Tuna muitos foram os elementos que acabaram por desistir antes de passarem a Tuno, e em nenhuma ocasião existiu qualquer tipo de crispação.
O Diogo apresentou-se no primeiro ensaio do ano com alguns minutos de atraso (que lhe valeram o castigo que ele já conhecia - 10 flexões), e enquanto cumpria esse castigo, percebeu-se que ele não se lembrava do nome de alguns Tunos com quem sempre conviveu. Por essa razão, um dos Tunos chama-o à atenção, tocando-lhe com um exemplar da revista da Universidade (10 folhas A4, enrolada) na nuca. Depois disto, o Diogo levantou-se, e foi ensaiar, como sempre.
A Tuna dividia-se por naipes de instrumentos, e ensaiava em 3 salas diferentes. Na Sala do piso de baixo (a Sala da Tuna propriamente dita) estavam alguns Tunos a preparar uma música para depois ser transmitida aos restantes, que estavam espalhados nas duas salas do piso superior. O Ensaio propriamente dito ainda não teria começado, pelo que os elementos deveriam estar a afinar, aquecer, e a conhecer os novos elementos. Era o primeiro ensaio da época, e já havia caloiros novos (alguns dos quais ainda hoje fazem parte ativa da Tuna).


A dada altura, o Diogo desce as escadas pelo seu próprio pé, ao passar pela Sala da Tuna, enquanto se dirigia para a casa de banho chama um dos Tunos, e o grupo percebe que ele está pálido. Trocam umas palavras, chamam um toninho para lhe ir buscar uma água com gás, e o Diogo vai para a casa de banho (reforço - pelo seu próprio pé).


Quando chega a água com gás (2 minutos depois) já o Diogo está sem forças, sentado na casa de banho, quase inanimado.


É prontamente chamada uma ambulância, que o transporta até ao hospital de Famalicão (a 100 mts da Universidade). O Diogo sobe até à entrada da Universidade, amparado por dois colegas.
Na chegada ao Hospital, é encostado pelos médicos numa maca, no corredor das Urgências. Mais de meia hora depois começam as perguntas, a propósito da sua condição. E as perguntas eram: "ele bebeu, ingeriu drogas, é alérgico a algum medicamento, é diabético, ...".
Ao fim de alguns minutos, percebeu-se que o caso era mais grave do que inicialmente se previa, e seria transportado para o Porto.
Foi comunicado à família, que prontamente apareceu em Famalicão, e juntamente com alguns elementos da Tuna acompanhou a Ambulância até ao Porto, onde já esperava por eles o tio do Diogo, Diretor de Cardiologia do Hospital de S. João, e que tinha avisado uma equipa de neurologia para receber o seu sobrinho.


Foi-nos dito no próprio dia, que o Diogo teria sofrido um AVC. Uma hemorragia cerebral era a causa do seu estado. Os médicos iam proceder a uma intervenção para se tentar perceber a extensão das lesões, mas o caso era muito grave.
O Diogo ficou internado durante uma semana, ao fim da qual acabaria por falecer.
Vamos fazer aqui um ponto de situação.


O Diogo entrou nas urgências em Famalicão, e não há relato de qualquer tipo de lesão. As perguntas feitas na triagem das Urgências não foram no sentido de perceber se tinha sido acidente ou agressão... Ou seja, não havia nada que indicasse o que viria a ser relatado depois. Durante uma semana, foi visto, analisado, limpo, operado, etc por uma série de profissionais de Saúde no Hospital de S. João. Todos os dias foram feitos Diários Hospitalares, e em tempo algum é referida a existência de qualquer tipo de lesão. Nem hematomas, nem escoriações, nada. Durante uma semana, a mãe do Diogo esteve na cabeceira da sua cama, e não viu qualquer tipo de mazela no corpo dele. O Tio do Diogo que acompanhou todo o caso de muito perto, por ser Clínico do Hospital, garante que o Diogo faleceu de uma hemorragia cerebral, e que não teria qualquer vestígio de agressão.


Aqui começam as contradições.


Um médico do Hospital de S. João, que não conhecia o caso do Diogo, nem nunca o tinha visto sequer no Hospital, ao saber da sua morte, e que teria vindo de um Ensaio de Tuna onde era caloiro, faz um queixa ao Ministério Público, por achar que ele foi vítima de excesso de praxe, e que isso lhe teria causado a morte. Este médico suicida-se meses depois da denúncia.
A Autópsia revela uma série de hematomas, mazelas, escoriações até, (que incompreensivelmente até aí não existiam) e o excesso de zelo da médica legista faz o resto.
Inicia-se uma investigação meticulosa por parte da Polícia Judiciária do Porto, tendo posto sob escuta alguns dos telemóveis de elementos da Tuna, mas acabando por arquivar o processo por não ter matéria para acusação, já depois de ter ouvido todos os que estiveram de uma forma ou de outra ligados ao caso.


Se existissem os mínimos indícios de que poderia ter sido responsabilidade da Tuna, ou até de que o Diogo pudesse ter sido agredido na Sala da Tuna naquela noite, a PJ nunca teria arquivado o processo, e teria enviado o mesmo para o Ministério Público para que se procedesse à acusação, e se realizasse um julgamento.
Como podem ver, este caso é muito mais do que aquilo que contam nas tardes da Júlia e no Você na TV.


Queiram fazer um exercício connosco por favor e tentem ver o caso "de fora" para perceberem o que tem sido dito pelos media ao longo destes anos todos:
Um grupo de 20 amigos liga a um outro amigo comum, com quem mantinham contacto próximo há mais de dois anos, e convencem-no a aparecer a um Ensaio da Tuna com o intuito de lhe darem uma lição, por este querer abandonar o grupo.
Começam por lhe dar com uma revista na nuca, revista essa que tinha dentro um ferro (???), e que lhe fratura uma vértebra. Por milagre, o agredido não morre imediatamente como seria de esperar depois de semelhante fratura, e enquanto uns o continuam a agredir ao pontapé até ele desfalecer, os outros observam impávidos e serenos. Nenhuma das lesões é visível mesmo ao fim de uma semana, o que leva a crer que os agressores sabiam muito bem o que faziam, onde e como bater para camuflar as lesões mortais.


Esse mesmo grupo leva-o ao Hospital, onde ele fica durante uma semana e acaba por falecer, sem que ninguém conseguisse descortinar qualquer tipo de vestígio de agressão.
O mesmo Grupo de 20 amigos assiste ao funeral, inclusivamente canta na cerimónia, e depois segue a sua vida como se nada tivesse acontecido. Ao fim de mais de 10 anos, já depois de constituírem a sua própria família, de muitos deles serem Pais, esses 20 elementos continuam a viver sem que nenhum tenha sentido o mínimo remorso e tenha contado "a verdade".


É isto que quem alimenta esta história está a afirmar. Parece-vos normal que pessoas sem qualquer registo criminal (anterior ou posterior) tivessem participado numa "estória" destas?
Nós compreendemos que a mãe se sinta desorientada. Perdeu um filho com 22 anos. Ninguém merece. Depois puseram-lhe nas mãos uma autópsia, que indicava que tinham sido os amigos dele da Tuna que o tinham morto à paulada. A juntar a isso, aparece uma "jornalista", que lhe monta um filme, e a faz querer justiça. Que a mãe não tenha ainda conseguido parar para pensar, compreendemos. Mas que pessoas de bem, que nos conhecem há muitos anos continuem a embarcar nesta acusação desonesta, não.


Não somos nenhuns anjinhos. Havia praxe na Tuna, e continua a existir. Mas daí a termos morto um amigo à pancada, e criado um pacto de silêncio vai uma grande distância. E a única coisa que pedimos é que nos respeitem.

Tuna Académica da Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão