Cartolas - Encontro de Tunas

08-05-2014

Cartolas - Encontro de Tunas
Foi ontem que o Teatro Sá da Bandeira (TSB), no Porto, se engalanou e esgotou a lotação para receber o CARTOLAS - Encontro de Tunas para os Finalistas do Porto. Nenhuma cadeira ficou por preencher nem nenhum acorde ficou por dar. Foi, sem dúvida, um momento ímpar na história do movimento das tunas em Portugal.


Cartolas, fitas, bengalas, trajes e muito, muito sentimento. A sala do teatro portuense foi pequena para suster a força com que este evento, sonhado por um grupo de académicos, atingiu os cerca de 1200 presentes na sala e as largas centenas de público que ficou fora do teatro, por não ter conseguido bilhete.


Oito das melhores tunas nacionais subiram a palco com um objetivo comum: dar aos finalistas algo grandioso e bem feito. Conduzidos pelo humor único dos Jograis do Orfeão Universitário do Porto, Tuna TS, Tuna da Universidade Portucalense, Tuna da Universidade Católica, Tuna de Engenharia da U.Porto Tuna do ISEP, Tuna Feminina do OUP, Tuna Universitária do Porto, Tuna Académica de Biomédicas foram os grupos que entraram para a história do evento como os seus primeiros participantes.
Eram cerca das 21h00 quando o pano abriu pela primeira vez, para um momento formal de discurso dos magisters presentes. Após isso, reinou a música , reinou a festa e reinou a celebração dos finalistas.


O evento arrancou em tons de amarelo, com a participação da Tuna TS. Músicas como "Oxalá te Veja" e o bonito esquema de pandeiretas que apresentaram em vários dos temas ajudaram a dar ritmo ao palco do Sá da Bandeira. Nem a queda aparatosa do seu porta-estandarte retirou brilho à participação muito positiva do conjunto de Gaia que, nas palavras do magister Miguel, apresentou-se no TSB simplesmente para "divertir-se e fazer os outros divertirem-se, sorrir e fazer sorrir" e "homenagear os finalistas" porque, diz o responsável do grupo, "se é para terminar (a licenciatura), então que seja em grande".


De Gaia seguimos para o Porto, com a entrada em palco da Tuna da Universidade Católica do Porto. Num tom vincadamente revolucionário, o grupo apelou à mudança de atitudes e comportamentos, tendo passado uma mensagem de uma primavera que aí está a vir para os estudantes. Tudo isto ficou provado com uma interpretação muito sentida de um clássico de Zeca Afonso, "Que amor não me engana", pela voz do solista Bocas.


Ao PortugalTunas, Bocas confessou ser "uma alegria enorme partilhar o palco com os finalistas da UCP e do Porto, assim como com tunas históricas". Temas como "Beijo de Saudade" ou os "confetti" que saltaram a meio de um dos esquemas de pandeiretas ajudaram a abrilhantar a presença do grupo da UCP.


A Tuna Académica da Portucalense continuou a festa, tendo centrado, tal como os outros, a sua performance nos finalistas do Porto. Transmitiram, igualmente, um testemundo de que este CARTOLAS foi uma iniciativa inevitável perante o que se tem passado na Academia. O discurso, de cerca de 5 minutos, levou uma das maiores ovações da noite. Temas bem portugueses, como "Rosinha dos Limões" ou o "Cantar de Emigração" antecederam um emotivo FRA, que levantou por completo todo o público das cadeiras.


Ao azul da TAUP, seguiu-se o cor de tijolo da Tuna de Engenharia da Universidade do Porto. O agrupamento da Invicta centrou a sua performance, mais uma vez, nos finalistas da Academia do Porto. Temas clássicos como "Pasión", "Corazón Partido" ou "Porto na Memória" não faltaram, numa noite em que o ainda mais clássico "Hoy" conseguiu levantar o público das cadeiras durante o refrão.


Com o abrir da segunda parte, cantou-se no feminino. Do Orfeão Universitário do Porto, chegou a sua Tuna Feminina (TUNAF). O doce canto das vozes das meninas do OUP resultou numa bonita actuação, onde a beleza, os sorrisos e os malmequeres amarelos no cabelo prevaleceram. O momento alto da noite foram as "Serenatas", tema que, para além de ter sido cantado com antigos membros do grupo em palco, foi acompanhado pelo público, que aceitou o desafio da Tuna e ligou, simultaneamente, as luzes dos seus telemóveis, criando um momento sublime.


Com o avançar das horas, o espetáculo caminhava para o seu fim. Ainda subiram a palco a Tuna do ISEP e a Tuna Académica de Biomédicas, que dedicaram as suas boas actuações, mais uma vez, aos finalistas do Porto. As palmas foram poucas para aplaudir as performances destes conjuntos portuenses, que se apresentaram em altíssimo nível neste evento.


A noite acabou com a Tuna Universitária do Porto. O centenário agrupamento portuense iniciou a sua actuação em espanhol, com "La Jota de la Virgen de los Peligros". Este tema, magistralmente cantado por um dos seus mais notáveis solistas, faz parte de uma ópera clássica de grande beleza. Após isto, seguiram-se os clássicos da TUP que todos sabem trautear, dançar, cantar e aplaudir. "Madalena" e "Timor" arrebataram e levantaram das cadeiras o muito público presente, que praticamente abafou a voz do grupo, ao ter cantado a plenos pulmões dois dos seus temas mais notórios.


Não faltou a dança e a alegria, apesar do evento já contar com horas de duração. Voltou-se a ver o desfilar dos fitados e cartolados pelo recinto que, animados pela festa, fizeram questão de se mostrar várias vezes durante a noite.


E se o ambiente já estava electirizante, ainda mais ficou quando o pandeireta do grupo deu a entrada para aquele que, segundo o magister Filipe Santos, é o hino dos estudantes do Porto: os "Amores de Estudante".


E com juras de "ser para sempre estudante" fecharam-se as cortinas do TSB.


Encerrou-se também uma noite ímpar, que continuou a ser celebrada nas ruas do Porto nas horas seguintes. Não houve prémios, num dia em que todos saíram vencedores. Não houve a melhor tuna, num momento em que o melhor foi mesmo a festa e a celebração. Não houve distinções individuais, numa noite em que prevaleceu o sorriso e a alegria contagiante do colectivo. Cantou-se no palco, cantou-se na rua, cantou-se na plateia.

Celebraram-se os finalistas, os novos, os velhos, os que são, os que foram e os que sonham ser. Celebrou-se o Porto, celebrou-se a vida, celebrou-se o academismo puro. E se pelo CARTOLAS não ia mesmo nada, nada, nada, acabou por ir, literalmente, tudo!