Almada em forma feminina

12-06-2023

Almada em forma feminina

 

Num dia de sol, durante a tarde, no centro de Almada, tunas femininas deslocam-se de
um lado para o outro a cantar, a dançar, a tocar e com as emoções à flor da pele. "Há um nervosismo inerente, mas as coisas estão bem organizadas, estamos muito positivas e achamos que as pessoas vão gostar", confessa Catarina Grilo, mais conhecida como Sub~Zero da TunaMaria, uma vez que, todos os membros de uma tuna têm alcunha.

 

A XX edição do Marias - Festival de Tunas Femininas organizado pela TunaMaria - Tuna Feminina da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, realiza-se no dia 15 de abril na Academia Almadense, em Almada. De acordo com Inês Cancela, Apeadeiro na TunaMaria, aquilo que tentam fazer é "dar um festival às tunas que gostávamos que fosse assim para nós também. Tentamos dar todo o tipo de conforto e festa, da melhor maneira possível".

 

Preparações

 

No próprio dia 15, ao meio-dia, a tuna anfitriã prepara o almoço na cantina da faculdade para as tunas convidadas, que tocam enquanto esperam, existindo muita interação entre todas. "Nós estamos neste momento a preparar tudo e existe muita agitação, mas temos um bom feeling de que vai correr tudo bem", admite Maria Rosado, Barilla na TunaMaria.

 

O teste de som realizou-se a partir das 14 horas, com as tunas que iriam atuar, a Legislatuna (Faculdade de Direito da Universidade do Porto), a Tun'ao Minho (Universidade do Minho), a in' Spiritus Tuna (Cooperativa Egas Moniz), a C'a Tuna aos Saltos (curso de medicina da Universidade da Beira Interior) e por fim a anTUNIA, uma tuna extraconcurso, mas também tuna da casa, visto que é a Tuna masculina da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Segundo Rui André, all you can eat na anTUNIA, "as tunas que estão a concurso são muito boas. Elas fizeram uma boa seleção".

 

A TunaMaria revela que tem uma particularidade sobre o alojamento que oferece às tunas convidadas, "Nós queremos sempre que elas fiquem em sítios com camas para dormir.
Elas estão a ficar alojadas na pousada este ano, pois fomos lá diretamente para tentar alojar 100 raparigas", esclarece Inês Cancela.

 

A meio da tarde, em frente à Academia Almadense, existe muita animação, o que chama a atenção de muitas pessoas que aproveitam e vêm comprar bilhete. Por outro lado, já existe muito entusiasmo de quem chegou mais cedo para ficar no convívio antes das atuações começarem. 

 

Espetáculo

 

A música começou depois do discurso do Prof. Dr. José Júlio, diretor da FCT, que
reforçou a importância das tunas para o espírito académico. Durante o espetáculo existe muito apoio e entusiasmo por parte do público. "É sempre muito giro vê-los a atuar e perceber que, a partir das faculdades, têm a oportunidade de se dedicarem à música também", refere Paula Neves, uma espectadora.

 

As tunas a concurso confessam que adoram o povo de Almada e estão satisfeitas com a sua prestação. "O que eu mais queria era que nós chegássemos a palco e saíssemos orgulhosas da nossa prestação e efetivamente estamos orgulhosas de tudo o que temos feito até agora. Estou muito contente e o espírito está a ser super bom, por isso foi mais um momento para unirmos a nossa tuna", declara Diana Ferreira, Saudade e Diretora de Comunicação na Tun ́ao Minho.
 

No intervalo das atuações, numa noite quente de primavera, as tunas cantam e tocam em frente à Academia, recebendo olhares alegres de quem passa de carro. Bernando Gonçalves, Graúdo na anTUNIA, admite que antes da atuação "sentimos um grande nervosismo, mas é um nervosismo fixe. Tentamos dar sempre o melhor espetáculo para o povo de Almada".

 

A última atuação está reservada para a tuna anfitriã, a TunaMaria. Esta tuna foi criada em 1994 com o intuito de cativar o verdadeiro espírito académico através da música, criando assim amizades e princípios na passagem pela faculdade, trazendo sempre a cidade de Almada no coração. O que as distingue no traje é um chapéu tipicamente português, mas Inês Cancela clarifica que "o chapéu não tem grande ciência por trás. As fundadoras queriam algo que nos distinguisse das outras tunas, e como já foi numa altura mais antiga surgiu a ideia do chapéu. E pronto acabou por ficar".

 

Patrocínios e Organização 

 

Cada vez mais os festivais de tunas revelam ser uma oportunidade para unir pessoas e
criar bons momentos e memórias. Por essa razão, gradualmente estão a ser mais apoiados por algumas entidades da zona da faculdade e onde se realiza o espetáculo, entre eles o patrocínio da FCT e da associação académica da FCT, da Câmara Municipal de Almada, Junta de Freguesia Caparica Trafaria, Junta de Freguesia Charneca da Caparica e Sobreda e Instituto Português do Desporto e Juventude.

 

Meter de pé um festival destes não é fácil e foi preciso muita organização por parte da
tuna anfitriã, para cumprir prazos e diversas coisas necessárias, dado que, algumas das
tunas convidadas são de longe. "Nota-se que elas já estão a trabalhar nisto há bastante
tempo. Estão a ser incríveis, sempre disponíveis quando precisamos de alguma coisa,
nunca nos disseram que não. Em termos de horários têm se cumprido. Tem sido uma
experiência impecável e fantástica", reconhecem Rui André e Bernardo Gonçalves, da
anTUNIA.

 

Durante as semanas intensas de preparação para o festival, a TunaMaria riu, chorou e
lutou até ao fim para conseguirem os resultados pretendidos. Por conseguinte, foram
gratificadas com muitas emoções boas e elogios. "Estamos a ser muito bem tratadas,
temos uma caminha e temos comido muito bem. A TunaMaria é ótima e muito simpática
mesmo. Atrevo-me a dizer que é dos melhores festivais que tenho vindo", exprime Diana Ferreira, da Tun ́ao Minho, com um sorriso na cara.

 


Texto de Jéssica Oliveira / Fotografia de Inês Margarida Castanho